Linguagem é sempre magia, seja ela corporal, oral, escrita. É através dela que os seres humanos entram em contato uns com os outros, se relacionam, criam suas vidas. Um estrangeiro, quando chega a um país, a primeira coisa que faz é aprender a linguagem daquele povo.

Um dominador, um colonizador, quando chega a um país, a primeira coisa que faz é impor aos nativos a sua língua. Foi assim durante todo o Império Romano. Aos povos que escravizava, Roma exigia o pagamento de impostos, obediência às leis do império e que a língua falada fosse o latim.

A última geração que estudou português nas escolas do Timor Leste, hoje, luta para mantê-lo como língua. Uma das primeiras atitudes do governo da Indonésia quando dominou a ilha foi impor a sua forma de falar. Mas, afinal qual era a língua falada no Timor antes da chegada dos portugueses?

Voltando a Itália, berço da civilização ocidental, lembramos Sofia Loren.

A atriz napolitana conta que aprendeu italiano quando chegou a Roma, mais ou menos com 18 anos. Antes falava napolitano. Hoje, os italianos travam ardorosos debates para decidir se as escolas devem ensinar também os dialetos locais ou apenas o italiano standard, como convencionaram chamar a linguagem usada pelos meios de comunicação. Por que será?

Por que os italianos, que exigiam dos povos conquistados que esquecessem a sua língua há mais de dois mil anos, ainda hoje debatem se em seu próprio país o povo pode, ou não, ter mais de uma forma de se expressar escrita e oralmente?

E o nosso tupi guarani e outras tantas línguas que já foram, um dia, faladas no Brasil? Os jesuítas fizeram a gentileza nos ensinar a falar português. Não satisfeitos os portugueses nos vestiram e nos calçaram. Por sorte, não conseguiram impedir que continuássemos tomando banho. Mas o tupi-guarani acabou. Ou quase.

Hoje, nós brigamos é para garantir o português.

No Brasil de nossos dias, de 80 a 90% dos estudos da área da chamada ciência dura _ química, física, matemática, engenharia e arquitetura _ produzidos e publicados em revistas científicas são escritos em inglês. O presidente da Associação Brasileira de Edições Científicas, professor da Universidade de Ribeirão Preto é americano e não fala português.

Revogação da independência dos EUA

Corre uma brincadeira pela Internet que é a uma notificação de revogação de independência dos EUA pela Inglaterra devido à sua incapacidade de concluir o processo eleitoral. Diz o texto que “no sentido de facilitar a transição para a dependência da Coroa Britânica, algumas regras serão introduzidas”. Das dez regras, criadas por algum brincalhão, quatro referem-se à linguagem:

1. Vocês deverão procurar a palavra revocation no Oxford English Dictionary. Depois, procurem aluminium. Atentem para o guia de pronúncia. Vocês ficarão espantados sobre como vêm pronunciando isso erradamente. Genericamente, vocês devem aumentar seu vocabulário até um nível aceitável de, no mínimo, 27 palavras. A pronúncia aspirada de termos como “like” e “you know” constitui-se numa inaceitável e ineficiente forma de comunicação.

2. Não existe um idioma que possa ser chamado de “inglês americano” e faremos a Microsoft tomar conhecimento desse fato.

3. Vocês deverão aprender a distinguir a pronúncia britânica da australiana.

4. Vocês deverão reaprender o seu hino original, God Save the Queen, mas só depois de obedecerem completamente o item 1. Não queremos que vocês se confundam no meio do caminho.

É comum entre mães/pais e filhos adolescente ouvir-se que a comunicação é impossível porque falam línguas diferentes. A língua de um povo é parte de sua cultura, de sua forma de se relacionar com a vida. Falar línguas diferentes não é apenas falar idiomas diferentes. É viver em outro mundo.

Birinet dá aula de comunicação

Na última semana de outubro, um moço, morador da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, abriu um bar e usou como chamariz um computador conectado à Internet. Batizou-o com o nome de Birinet. Ao divulgar o estabelecimento, o novo comerciante explicou: se eu colocasse cybercafé ninguém, daqui do bairro, entenderia. 

 — Mas, por que bar com internet? 

A opção pela Internet deve-se ao fato de não querer disputar fregueses com o bar do seu sogro, freqüentado por bebedores de cachaça, ou seja, por pessoas que não acessam a rede mundial de computadores.

E assim divide-se a humanidade. Quem bebe cachaça não entra na internet.

Na Baixada Fluminense, segundo o dono do Birinet, mesmo quem acessa a internet não sabe o que é um cybercafé.

Então, aquele nome bonito que diz tudo em Ipanema, Leblon, ou mesmo em Vila Isabel, na Zona Norte, não diz nada na Baixada.

É por isso, que quando uma empresa lança um produto, ela compra, em bancos de dados, pesquisas que revelam características econômicas, culturais e psicológicas daqueles que serão os compradores em potencial da mercadoria. O produto, a embalagem e a campanha de lançamento serão pensados tendo como base estas informações. 

A Rede Globo fez pesquisa para encontrar uma maneira de falar que fosse compreendida pela empregada doméstica. Mas, como seu público é formado por outros grupos sociais, teve a preocupação de encontrar uma fórmula que agradasse às domésticas e n] ]>