O romance “Resistência” foi o vencedor do prêmio Jabuti de 2016. O autor, Julián Fuks, fez um discurso bastante engajado na cerimônia em que foi receber o prêmio: “Pode ser que se esteja premiando, isso é pra mim um motivo de muita alegria, o simples ato da resistência diante de tudo isso que a gente vê e diante de tudo isso que nos atinge: da ruptura com a ordem democrática que se deu no Brasil e que a gente precisa combater”, disse. E finalizou com um “Fora Temer”.
O livro vencedor parte da relação entre o narrador e o irmão adotado em 1976 em Buenos Aires para tratar de um tema muito mais amplo: a ditadura argentina, a perseguição a quem se manifestava contra o regime, e os sentidos, hoje, da resistência. A todo momento, reflete-se sobre os impactos daquele tempo nas próprias relações familiares. Seus pais, argentinos, tiveram que sair do país natal e começar uma outra vida no exílio no Brasil, para onde trouxeram o filho adotivo e tiveram dois filhos biológicos. Trata-se, afinal de contas, de um livro “sobre essa criança, meu irmão, sobre dores e vivências de infância, mas também sobre perseguição e resistência, sobre terror, tortura e desaparecimento”, nos conta o narrador. Memória pessoal, social, histórica e política: é isso que o leitor encontra nesse livro de maneira bastante sensível e cativante.