O documentário “Caparaó”, cujo roteiro foi inspirado no livro “A Guerrilha do Caparaó – Entre cabras e ratos”, do jornalista capixaba José Caldas da Costa, foi classificado entre os dez filmes que concorrerão na Competição Brasileira de Longas e Médias do Festival Internacional de Documentários 2006. O filme já tem estréia marcada para o próximo domingo, dia 26, às 19h30, no Cine Odeon (Cinelândia), no Rio, e dia 30 de março, às 21 horas, no Cine Sesc, em São Paulo. Depois, será exibido também em Brasília e Campinas. A partir do livro de José Caldas, o cineasta paulista Flávio Frederico pesquisou outras fontes e produziu um filme de 80 minutos.

O documentário foi dirigido por Flávio, que seguiu a mesma rota do autor do livro, colhendo depoimentos dos ex-guerrilheiros, e recuperou e acrescentou imagens inéditas da operação cinematográfica montada pelo Exército em abril de 1967 para extinguir a guerrilha. O livro “A Guerrilha do Caparaó – Entre cabras e ratos” é o resultado de um trabalho de pesquisa e produção de quase dez anos do jornalista José Caldas da Costa e será lançado ainda este ano pelo Editora BOITEMPO, de São Paulo. A obra mergulha no primeiro movimento de resistência armada ao regime militar instalado no País em 1964 e, segundo autor, também poderia se chamar A Rebelião dos Sargentos, pois foi o resultado do movimento dos praças das Forças Armadas. Caldas revela conexões internacionais que nem mesmo os guerrilheiros conheciam. O autor explica que o livro, na verdade, começou a nascer em 1967, quando ele tinha sete anos de idade, morava em Alegre, no Sul do Espírito Santo, onde nasceu, e viu passarem as tropas do Exército pelas ruas da cidade rumo à Serra do Caparaó.

A visão gerou a inquietação, que José Caldas começou a resolver em 1997, quando subiu o Pico da Bandeira e teve a inspiração de resgatar a história da guerrilha.O repórter entrou em cena e seguiram-se anos de pesquisas e entrevistas com os remanescentes do movimento em 10 estados brasileiros. José Caldas foi descobrindo, um a um, os ex-guerrilheiros e reuniu mais de 100 horas de entrevistas, que resultaram numa obra densa, de mais de 500 páginas.O texto foi finalizado em 2003. O autor conseguiu um contato com o escritor Carlos Heitor Cony, que aceitou prefaciar a obra. Iniciou-se, então, a busca por uma editora, missão agora aceita pela Boitempo, de São Paulo. 

“Estudar o que aconteceu na Serra do Caparaó quando eu era pequeno e que mobilizou tantos soldados foi a motivação, mas o livro pretende não apenas relatar o que aconteceu, mas por que aconteceu. Traz a história até a guerrilha e o pós-guerrilha e, a partir de sua leitura, o que procuro é dar às pessoas uma melhor compreensão da história e até de alguns fenômenos sociais da atualidade”, define o jornalista José Caldas. Durante as pesquisas foram usadas fontes bibliográficas como apoio para compreender o período histórico, mas a principal fonte utilizada pelo autor vem dos personagens que fizeram a história. A lógica, segundo José Caldas, “é a do historiador Eric Hobsbawn, que diz que as palavras são testemunhas que muitas vezes falam mais alto que os documentos”.

(Fonte: Editora Boitempo)