ENREDO DE NOVELA

Por Luiz Carlos Azenha, do blog Viomundo, na Revista Caros Amigos de agosto

Sonegação, paraíso fiscal, roubo de documentos… Mensalão da Globo ainda terá muitos capítulos pela frente. 

Poderia ser roteiro de novela. Ou de um filme B. Mulher em férias vai ao local de trabalho com uma sacola e sai com milhares de páginas de um processo que envolve a cobrança de R$ 615 milhões. Seis anos depois, um homem tenta vender mos papéis comprometedores, no submundo da informação, por 200 mil reais. Como todo roteiro de thriller sobrevive graças à tensão da dúvida, neste caso a incerteza é: a mulher agiu para ajudar ou prejudicar a empresa da qual era cobrada a fortuna? O caso envolvendo a Globopar, controladora da TV Globo, ilustra o impacto da internet na Era da Informação. Num passado não muito remoto, os documentos relativos à autuação pelo Fisco do maior grupo de comunicação do Brasil provavelmente ficariam dormentes nas gavetas de repórteres investigativos de empresas concorrentes por causa do pacto de silêncio que vigora entre quase todos os homens brancos, ricos e reacionários que controlam a grande mídia.

Agora, o cerco foi rompido por um blog – logo apelidado carinhosamente de “Organizações Cafezinho”. Miguel do Rosário, que toca O Cafezinho, é blogueiro sujo. Foi dele o furo sobre a existência do processo de sonegação da Globopar. Sob o título Bomba! O Mensalão da Globo, Miguel escreveu: “A emissora disfarçou a compra dos direitos de transmissão dos jogos da Copa do Mundo de 2002 como investimentos em participação societária no exterior”. A notícia foi compartilhada por mais de 2 mil pessoas nas redes sociais e deu início a um típico turbilhão “internético”. Em algumas horas, havia sido replicado ou comentado em dezenas de blogs. A versão original e as que se inspiraram nela foram disseminadas rapidamente nas redes sociais – a reprodução publicada no Viomundo foi compartilhada por 10 mil leitores no Facebook. Uma repercussão à altura do Jornal Nacional.

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