Publicado em 17/03/14, pelo MAB

A luta dos atingidos pela barragem de Samuel faz parte da Jornada Nacional de Lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens e é solidária aos atingidos pelas Usinas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, onde só em Porto Velho há mais de 12.000 pessoas desabrigadas e mais de 100.000 sem acesso à água potável
Reprodução/MAB

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Nesta manhã desta segunda-feira (17), cerca de 300 atingidos pela Usina Hidrelétrica de Samuel, bloqueiam a BR 364 a fim de encaminhar uma negociação com o governador do Estado de Rondônia, Confúcio Moura, com o INCRA, a Eletronorte e o Governo Federal.

Os atingidos da Usina Hidrelétrica de Samuel foram expulsos da beira do Rio Jamari há 30 anos. As famílias foram para áreas que hoje formam dois municípios e um distrito, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste e Triunfo, respectivamente. Há uma enorme dívida social com os atingidos: mais de mil famílias ainda permanecem sem terra; há falta ou baixa qualidade de energia elétrica; problemas de saneamento com a elevação do lençol freático; falta de infra-estrutura para a produção camponesa, além da falta de acesso a direitos básicos como saúde e educação.

Histórico

A Usina de Samuel foi construída em período de ditadura civil-militar. A população atingida foi expulsa sem receber seus direitos e desde então as famílias seguem a luta para recuperar os direitos negados. A população denuncia ainda que a ditadura nas barragens segue.

A luta dos atingidos pela barragem de Samuel faz parte da Jornada Nacional de Lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens e é solidária aos atingidos pelas Usinas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, onde só em Porto Velho há mais de 12.000 pessoas desabrigadas e mais de 100.000 sem acesso à água potável.

Em março de 2011, após uma manifestação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em Itapuã do Oeste, o Governo do Estado se comprometeu em criar uma mesa de diálogo com o movimento. Afirmou ainda que esta seria um canal aberto de contato com o movimento, assegurando que resolveriam as pendências do Estado  articulando  o que fosse necessário para ser tratado com o Governo Federal. Passaram-se três anos e não existiu avanços na pauta dos atingidos. O secretário chefe de gabinete do Governo do Estado de Rondônia, Waldemar Albuquerque comprometeu-se em agendar uma reunião nos próximos dias.

Os governos estadual e federal ao insistirem em negar a responsabilidade nas usinas de Samuel e Rio Madeira, mais uma vez violam os direitos das populações atingidas pelas barragens. Enquanto as empresas de energia possuem lucros extraordinários com a venda da energia elétrica, a população esta pagando a conta injustamente.