No dia 5 de março faleceu, em Araraquara (SP), a madre Maurina Borges da Silveira,por falência múltipla dos órgãos. Ela tinha 87 anos, e foi uma das mulheres torturadas durante a ditadura militar do Brasil. A religiosa foi presa em outubro de 1969 em Ribeirão Preto, acusada de envolvimento com militantes das FALN (Forças Armadas de Libertação Nacional). A tese da polícia era a de que a madre permitiu que membros da FALN se reunissem no Lar Santana, instituição onde vivia.
“Alguns de nós éramos do movimento de evangelização, mas usávamos o porão para guardar material e imprimir o nosso jornal O Berro“, contou o advogado Vanderley Caixe. De acordo com ele, a irmã não sabia das reuniões. Caixe conta que, quando alguns membros foram presos, ela abriu o porão, viu o material e mandou queimar tudo. A madre foi torturada com choque elétrico por pelo menos duas horas. A irmã ficou um ano detida em São Paulo até ser exilada no México, após a troca com o cônsul japonês. Ela voltou ao Brasil dez anos depois.
O fato provocou uma mobilização na Igreja Católica na época. O então arcebispo dom Felício da Cunha levou o caso à cúpula da instituição e excomungou dois delegados, Renato Ribeiro Soares e Miguel Lamano. O caso em Ribeirão inspirou religiosos, como dom Paulo Evaristo Arns, a se engajar na luta social. [Com informações da Folha de S.Paulo]