[Por Sheila Jacob]

Na última terça-feira, dia 2 de setembro, foi realizado o julgamento dos policiais militares Marcos Alves da Silva e Paulo Roberto Paschuini. Eles são acusados de ter assassinado, em 2002, o menino Hanry, de 16 anos, no Morro do Gambá, Zona Norte do Rio. De acordo com a mãe da vítima, Márcia de Oliveira Jacintho, Paulo Roberto assumiu em tribunal ter sido ele o autor do disparo que matou o jovem. Ele foi condenado a nove anos de prisão, mas vai recorrer em liberdade. O novo júri, de acordo com ela, deve demorar ainda uns cinco meses.

O outro acusado, Marcos Alves, foi condenado a três anos por ter colocado drogas junto ao corpo do menino, induzindo a uma relação com o tráfico. Essa simulação do chamado “kit bandido” é normalmente feita por policiais para tentar “justificar” o assassinato de jovens moradores de favela. Marcos Alves já havia tido a prisão decretada no dia 12 de agosto, mas não pela morte de Hanry. Ele já respondia um processo desde 1998 por roubo à mão armada.

“Queremos uma ampla divulgação pela imprensa para que todos vejam como age a polícia militar no Rio de Janeiro, principalmente quando tratam com gente da periferia”, desabafa Márcia. Ela lembrou ainda que eram nove os policiais militares envolvidos no assassinato de seu filho, “mas sete conseguiram se livrar”.

Entenda o caso

Hanry Silva Gomes da Siqueira, de 16 anos, foi assassinado quando voltava pra casa no Lins de Vasconcellos, Zona Norte do Rio, em 21 de novembro de 2002. Ele foi abordado por policiais que o seguiram pelo mato e o mataram com tiros à queima-roupa. Em sua versão, os policiais alegaram que havia acontecido troca de tiros e que haviam encontrado o corpo de Hanry já baleado. Foi a luta incansável de Márcia de Oliveira Jacintho, mãe de Hanry, que fez com que a versão dos policiais caísse em contradição. A partir daí, as farsas foram aparecendo. Um laudo pericial confirmou que Hanry foi baleado de cima para baixo. Um único tiro disparado de perto, atravessou seu coração e pulmão e o matou.

Finalmente, em 2006, o Ministério Público ofereceu “denúncia por homicídio e fraude processual”. O julgamento havia sido marcado para o dia 12 de agosto de 2008. Antes do início da sessão, a irmã Patrícia Silva Gomes dos Santos declarou que “o sonho é buscar justiça para o meu irmão, que foi covardemente assassinado por esses monstros, esses policiais. Algo que a gente vê acontecer muito por aí”.

Entretanto, na data, manobras executadas pelo advogado do réu Marcos Alves da Silva fizeram com que o juiz adiasse a sessão para o dia 2 de setembro. Márcia ainda não se conformou com a negligência em relação aos policiais que mataram seu filho há quase seis anos, e até hoje a justiça não foi cumprida.