Por João Batista Santafé Aguiar, da EcoAgência de Notícias, fevereiro de 2005
BRASÍLIA. A Coordenação Nacional da Rede de ONGs da Mata Atlântica divulgou nota no dia 21 de fevereiro repudiando a qualidade e praticamente todo o texto divulgado pela revista Isto É Dinheiro no último fim de semana. O texto, enfocado na coordenadora nacional da Rede, Miriam Prochnow, relata que “de arma em punho” ela conseguiu impedir o funcionamento de diversas barragens Brasil afora e cita o nome de seu marido do forma equivocada. Leia abaixo o texto da nota da RMA e da matéria da Isto É.
21/02/2005
Carta de Repúdio e Convocação Pública
Do Conselho de Coordenação Nacional da RMA
A R.M.A (Rede de Organizações Não Governamentais da Mata Atlântica) entidade de direito privado sem fins lucrativos, através de sua Coordenação Nacional, vem a público declarar sua consternação e repúdio ao conteúdo da matéria “A guerrilheira verde”, publicada pela Revista ISTOÉDINHEIRO, Edição 389, que chegou as bancas dia 20 de Fevereiro de 2005 e a qual está disponível no site da revista.
O referido texto aponta a renomada ambientalista Miriam Prochnow – membro fundadora da APREMAVI – Associação de Preservação do Meio-Ambiente do Alto Vale do Itajaí, que foi fundada em 1987, na cidade de Ibirama- SC e Coordenadora Geral da RMA- como sendo “Guerrilheira”, “criadora de casos”, que “conseguiu travar os principais projetos de infra-estrutura do país” e que “de arma em punho” estaria a colher subsídios “para infernizar” construtoras. Como não bastasse a estranhíssima abordagem ainda sentencia que “o projeto de R$ 1,28 bilhão, criaria 1,2 mil empregos” e que o projeto da Hidrelétrica de Barra Grande, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ficará parado como “um grande elefante branco”, pelo menos “até o governo decidir agir para domar a guerrilheira verde”. Este texto personaliza e apresenta de forma totalmente indevida, a luta ambiental e social levada adiante, diariamente, por milhares de pessoas em todo os país; por inúmeras ONG´s bem como por uma crescente proteção dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana; do meio ambiente sadio e da justiça social.
O texto deste artigo promove um inadmissível ataque à pessoa da Sra. Miriam Prochnow, a seu marido, a RMA, ao MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), ao MMA, ao Judiciário e a toda sociedade civil que é contrária a prática desenvolvimentista irresponsável, inconseqüente, mentirosa e degradante. Apesar do texto admitir que o próprio responsável pela obra – o consórcio BAESA (formado por Camargo Corrêa, Votorantim, Bradesco, Alcoa e CPFL) – “não contesta os argumentos de Prochnow”, ainda sim esta reportagem belicosa propõe cerceamentos a liberdade de expressão, associação e tutela judiciária ao dizer que isso continuará “pelo menos até o governo decidir agir para domar a guerrilheira verde”. Domar?
Nesta semana na qual o Brasil e o Mundo estão consternados e revoltados com a violência que atinge vários de nossos líderes sociais, essa reportagem irresponsável propõe que a Sra. Miriam – sem aspas – é guerrilheira, que atua de arma em punho e que deve ser domada pelo governo. Claramente o texto propõe um confronto violento contra essa ambientalista que não atua sozinha: Ela atua junto com centenas de outros líderes sócio-ambientais; atua junto com centenas de ONG´s de todo o Brasil. Somente a R.M.A (Rede Mata Atlântica) é composta pela união de 257 ONG´s brasileiras. E essa reportagem, ao indicar uma única pessoa, natural, como sendo a responsável por tudo, criticando-a de modo a promovê-la como algoz, está intencionalmente fomentando – e pedindo – atos de violência contra ela.
Propomos ao Conselho Editorial dessa revista, que pretende ser respeitada pelo setor produtivo idôneo, a rever seus critérios e envergonhar-se de ter tido suas páginas à serviço de um discurso autoritário, virulento, imparcial, superficial, panfletário e acintoso.
Conclamamos todos os que desejam Solidariedade e Paz, em um mundo que pratique o Desenvolvimento Sustentável, a manifestarem seu repúdio a mais este ataque feito contra quem, sempre obediente a Lei, se dedica a questionar atos lesivos ao meio ambiente e a dignidade humana.
Manifestem-se através de e-mails para a redação, divulgando esse repúdio, acessando e fazendo comentários no link na página da revista.
Manifestem-se solidariamente, pois Isto NÃO é dinheiro; Isto É Decência e Isto é Compromisso com as futuras Gerações.
fonte: EcoAgência de Notícias