[Por Claudia Santiago] A invasão garimpeira em terras dos Yanomami não é coisa de agora. Vem lá de trás. Hoje, o domínio dos garimpeiros está provocando um caos social na terra indígena, na região do Parima, em Roraima. Em ofício encaminhado ao presidente da Funai, em 4 de fevereiro último, a Associação dos Povos Yanomami de Roraima (Hwenama) denuncia, entre outras coisas, “arregimentação de homens adultos para o trabalho na extração de ouro, em condições análogas a de escravo, o que leva ao abandono das roças e das atividades de caça e pesca. Em paralelo, os garimpeiros promovem a prostituição de mulheres e crianças, em troca de alimentos“.
As consequências do garimpo em terras indígenas não são segredo e nem novidade. O ofício da Hwenama é um alerta sobre o impacto nas condições de saúde da população. “O contexto do alcoolismo, conflito e violência em tornado inviável o trabalho de Assistência à Saúde. Não há condição alguma de se levar adiante os programas de atenção básica, como campanhas de vacinação, pré-natal, busca-ativa e tratamento dos casos de malária etc”, diz o texto. Vale a pena ler o ofício que denuncia, também, os numerosos casos de desnutrição grave entre crianças e idosos nas comunidades de Parima e Wanapiki.
O desastre ecológico produzido pela destruição da floresta, do assoreamento do rio e poluição da água com o uso do mercúrio já foi denunciado em estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), divulgado há três anos, em março de 2016.
Para entender o atual momento do povo.
Ofício da Associação dos Povos Yanomami de Roraima (Hwenama). https://bit.ly/2V50Axm
Matéria de Liana Melo (Portal Colabora): https://bit.ly/2V7driz
Outras informações com o presidente da Associação: 95 8409 3032.