Nos seis primeiros meses deste ano, 1.443 pessoas foram resgatadas da situação de trabalho análogo à escravidão no Brasil pelos grupos de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O número é quase três vezes maior do que o do ano passado, quando 500 trabalhadores foram resgatados.
Goiás foi o Estado campeão do trabalho escravo, com 390 resgates. Em seguida vem o Rio Grande do Sul, com 304. Vale lembrar que foi na Serra Gaúcha onde, em fevereiro, mais de 200 pessoas foram encontradas trabalhando em condições análogas à escravidão. Em Minas Gerais, outros 207 trabalhadores foram resgatados e em São Paulo, 184. As principais atividades com mais casos de trabalho em condições análogas à escravidão são o cultivo de cana de açúcar, a pecuária, cultivo de uva e construção de estações elétricas.
Mesmo as crianças e jovens não escapam da exploração: o MTE informou que neste ano mais de mil crianças e adolescentes, de 8 a 17 anos, foram retiradas de trabalho infantil. De abril a junho, 416 crianças e adolescentes foram afastados de trabalho proibido a menores de 18 anos em vários estados: 124 em Mato Grosso do Sul, 60 em São Paulo, 54 em Minas Gerais, 39 no Espírito Santo e 38 em Pernambuco.“Eles foram encontrados em atividades elencadas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Decreto nº 6.481/2008), como trabalho na construção civil, venda de bebidas alcoólicas, coleta de lixo, oficinas mecânicas, lava jatos e comércio ambulante em logradouros públicos, atividades que acarretam graves riscos ocupacionais e repercussões à saúde das crianças e dos adolescentes,” descreve o relatório do MTE. De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), o aumento do trabalho escravo e infantil é causado pelo aumento da pobreza e vulnerabilidade dos trabalhadores, em razão da precarização do trabalho e da pandemia.
Os dados oficiais das ações de combate ao trabalho análogo à escravidão no Brasil estão disponíveis no Radar do Trabalho Escravo da SIT, no seguinte endereço: https://sit.trabalho.gov.br/radar/ e as denúncias podem ser feitas, de forma remota e sigilosa, no Sistema Ipê, lançado em 2020 pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O sistema é exclusivo para o recebimento de denúncias e tem versões em inglês, espanhol e francês, com o objetivo de melhor atender aos trabalhadores migrantes de outras nacionalidades.
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