O magnata da mídia Rupert Murdoch, dono da Sky e da Fox, comprou, esta semana, a Hughes Eletronics da General Motors. A Hughes é a dona da DirectTV. No Brasil, esta fusão entre Sky e DirecTV (depois de aprovada pelos órgãos que regulam a atividade econômica: SDE, SEAE e CADE) representa a concentração de mais de 95% do mercado de TV via satélite. A TecSat, empresa nacional em grandes dificuldades financeiras, passaria a ser a única concorrente de Murdoch. Sozinha, a nova Sky + DirectTV possui mais de 33% dos assinantes de TV paga no Brasil (cabo, MMDS e satélite) e todos os canais de notícias.
Na mesma semana, a Qualcomm anunciou que pode fechar a operadora de telefonia fixa Vesper e sair do Brasil. O motivo é a impossibilidade de concorrer com as empresas que herdaram o espólio de telefonia fixa da antiga Telebrás (Telemar, Telefonica e Brasil Telecom) e o veto da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) para que a Vesper migrasse para a telefonia celular na faixa de 1,9Ghz. A Vesper concluiu que as operadoras de telefonia fixa se tornaram virtuais monopólios privados em suas respectivas áreas de concessão.
Também nesta semana, as ibéricas Telefonica e Portugal Telecom anunciaram que suas operações de telefonia celular passam a funcionar com uma única marca: Vivo. Ao final do processo de fusão, a Vivo reunirá Telefonica Celular (Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul), TeleBahia Celular, TeleSergipe Celular, Telesp Celular, Global Telecom (Paraná e Santa Catarina), TCO (Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Brasília, Acre e Rondônia) e NBT (Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima).
O mesmo deve acontecer, em pouco tempo, com a Americas Telecom, dona das marcas ATL (Rio de Janeiro e Espírito Santo), BSE (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas), Claro Digital (Rio Grande do Sul), Tess (São Paulo, exceto capital) e Americel (Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Brasília, Acre e Rondônia).
No mercado de ações a grande expectativa é para saber quando, e para quem, serão vendidas as empresas que ainda não se uniram às quatro grandes operadoras de telefonia celular: TIM, Oi, Americas Telecom e Vivo.
Já no final do mês de março, o governo federal, como sócio majoritário, anunciou a falência da Eletronet, empresa de transmissão de dados por fibra óptica através da infra-estrutura de energia elétrica. O motivo é o mesmo que afeta muitas de suas concorrentes: o crescimento da demanda não acompanhou a oferta e apenas poucas empresas devem sobrar no ramo.
Todos estes recentes fatos somados mostram que, ao contrário da livre concorrência entre diversos operadores privados, nossos serviços de telecomunicações podem estar caminhando para um cenário de oligopólio privado.
(Boletim Prometheus)