Manifestação segunda (17/6) no Centro do Rio. Foto: Arthur William/NPC
[Por Claudia Santiago – 19.06.2013] Sim, tem burguesinha na passeata. Sim, tem direita na passeata. Mas eu não tenho dúvidas. A maioria dos que estão nas ruas têm bons motivos para protestar. E a juventude da periferia das cidades, as maiores vítimas da violência policial, da violência do Estado, têm mais motivos do que quaisquer outros.
A classe média, fortemente presente nos atos, quer pagar menos pela passagem e ter melhores condições de transporte, quer ter condições de sair da casa dos pais, o que se tornou impossível economicamente em cidades como o Rio de Janeiro. E não gostou de ser tratada pela polícia da forma como os pobres o são. Quer direito de ir para as ruas e fazer o que bem entender, inclusive protestar. Tem gente de classe média na rua porque quer de volta o seu Maracanã.
Muitos estão ali porque querem participar politicamente, mas não se sentem representadas pelos partidos de esquerda. E, difusamente, querem uma sociedade mais justa: que não remova os pobres de suas casas, que não destrua museu do índio e escola para atender às exigências da Fifa. Que não quer ser governada pela Fifa.
Essa revolta pode ser também contra os baixos salários e toda a forma de precarização do trabalho. A realidade é que mais de 50% dos trabalhadores no Brasil ganham até 1 salário mínimo. Não é motivo suficiente para se rebelar? E como e onde moram estes mais de 50%?
E ainda há uma possibilidade de análise. O sistema capitalista, na sua face mais cruel, o neoliberalismo, pode estar sendo questionado nas ruas. Estou querendo demais? Uma boa saída para a esquerda é pensar, se repensar, rever seus métodos, suas práticas e sua relação com os trabalhadores. E nessa reflexão entender porque não é ela a liderar esta rebelião.