Motorista de Ônibus - O Escravo da Modernidade

Motorista de Ônibus – O Escravo da Modernidade

Por Emanuel Cancella da Agência Petroleira de Notícias

No dia que em se comemora a libertação dos escravos, 13 de maio, percebemos que motoristas de ônibus são escravos da modernidade. Os patrões agem como “baratas” tontas, só pensam em aumentar seus lucros, enquanto a sociedade se omite.

Os motoristas seguem guiando os ônibus como zumbis, conduzindo o povo rumo à murada de um viaduto ou batendo de frente num poste, como resultado do estresse permanente a que são submetidos pelas empresas de ônibus.

A placa “Não Fale ao Motorista” sumiu dos ônibus e os condutores agora acumulam a função de trocadores. A roleta, que era atrás dos ônibus, agora está na frente para que os motoristas também virem fiscais dos possíveis caloteiros.

Se já é uma tarefa árdua dirigir um coletivo por jornadas quase sempre acima de oito horas, na maioria dos casos sem receber horas extras, imagine o que significa acumular outras funções como cobrar as passagens e ouvir queixas de todo tipo, no trânsito caótico e no calor infernal que predomina na maior parte do ano. Como se não bastasse, os donos das empresas ainda têm a coragem de cobrar dos motoristas o ressarcimento de valores fruto de assaltos.

Lutando contra essa situação, os motoristas no Rio e em várias cidades realizam mais uma greve, cobram das empresas melhores salários e condições de trabalho. A mídia, como sempre, se coloca ao lado dos patrões jogando a sociedade contra os motoristas. Consegue transmitir reportagens, pela televisão, durante mais de uma hora seguida, sem se dar ao trabalho de ouvir o Comando de Greve sobre o motivo das mobilizações. A grande imprensa, no Brasil, é impressionantemente parcial e anti-ética.

Ora, mas foi a sociedade que escolheu os ônibus como matriz do transporte coletivo? Mentira! Os donos das empresas ampliam os transportes sob pneus através do financiamento de campanhas de vereadores, deputados estaduais, senadores, prefeitos, governadores e até dos presidenciáveis.

Imagine se as empreiteiras que recapeiam as estradas todo ano vão ficar sem os ônibus? E os fabricantes de pneus? E os donos de pedágios? E os fabricantes de ônibus? Se colocarmos o transporte coletivo nos trilhos, adeus pneus, pedágios e financiamento de campanhas. Dessa forma as tarifas seriam muito mais baratas! Sem contar o ganho em nossa saúde e no meio ambiente!

Para promover a mudança do atual modelo é preciso barrar lobbies poderosíssimos: montadoras, fabricantes de pneus, empreiteiras e os donos das empresas de ônibus. O transporte público, de vital importância para a sociedade, não deveria ficar na mão de empresários gananciosos que massacram os trabalhadores e prestam serviços caríssimos e de péssima qualidade à população.

Esses serviços deveriam ser municipalizados! No ano passado, uma CPI na Câmara Municipal do Rio para investigar a licitação das empresas de ônibus esbarrou numa maioria de vereadores ligados à Fetransporte que, não satisfeita em eleger a maioria de vereadores na CPI, ligados aos donos da empresa de ônibus, ainda impôs um aliado para presidir a CPI. Com a raposa tomando conta do galinheiro fica difícil colocar o transporte coletivo nos trilhos!

Emanuel Cancella é coordenador do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)