Cinco anos após sua última edição, o MST realizou a 4ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada pelo MST, no Parque da Água Branca, em São Paulo, nos últimos dias 11 e 14 de maio. Mobilizando camponesas e camponeses dos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária de todas as cinco regiões do Brasil, a Feira reuniu 500 toneladas de alimentos e foi visitada por mais de 300 mil pessoas. Uma grande variedade de produtos in natura e agroindustrializados foram comercializados. Tudo fruto da luta e da organização camponesa e, é bom frisar, livre de veneno, a partir de novas relações com os bens naturais. Como dizem seus organizadores, a Feira Nacional da Reforma Agrária traz em cada um de seus produtos as lutas, as marchas, as ocupações de terra que o Movimento realizou, com o objetivo de construir um modelo de vida digno no campo, produzir alimentos saudáveis e criar renda para o trabalhador.
No dia de encerramento, domingo (8) da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) doou mais de 38 toneladas de alimentos a 24 entidades que atuam nas periferias de São Paulo. Mas não foi só: as organizações também receberam livros da editora Expressão Popular, além de mudas de árvores nativas e sementes. Estava presente o padre Júlio Lancellotti, que desenvolve ações de solidariedade e organização de pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo. Parceiro do MST, Lancellotti destacou a importância do movimento para a garantia de alimentação e moradia para milhares de brasileiros. A Feira contou ainda com uma ampla programação cultural, com a presença de diversos grupos, artistas e coletivos durante todos os dias de Feira, além da já tradicional Culinária da Terra, espaço dedicado para a comercialização de pratos típicos das regiões do país. Além disso, houve lançamentos de livros, seminários, oficinas, debates e conferência, em que se discutiu, por exemplo, a violência no campo, a instalação da CPI e a necessidade de se combater o ódio contra trabalhadores e trabalhadoras rurais organizados. “O ódio agora não é só direcionado contra o trabalhador, mas contra o trabalhador organizado. O trabalhador rural organizado passou a ser uma peça muito incômoda, que atrapalha esse projeto trazido pela extrema direita. Esse ódio é um projeto dessa nova ordem mundial do neoliberalismo”, explica Claudia Dadico, jurista e Ouvidora Agrária Nacional, que participou do debate sobre a violência no campo no dia 14.