Publicado em 14.04.11

Foto por Samuel Tosta/ APN

O auditório da ALERJ ficou lotado para a entrega da Medalha Tiradentes ao MST nesta quinta-feira, dia 14 de abril. Bonés e bandeiras vermelhas coloriram o plenário Barbosa Lima Sobrinho na cerimônia que homenageou o Movimento pelos 25 anos de luta e resistência. A iniciativa foi do deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ), que ao final recebeu uma bandeira do MST das mãos da coordenadora nacional, Marina dos Santos. Também participaram da solenidade os dirigentes dos sindicatos dos petroleiros, Emanuel Cancella, e dos economistas, Sidney Pascoutto; o cônsul da Venezuela no Rio, Edgar Gonzalez Marin; a atriz da companhia Ensaio Aberto, Tuca Moraes; o jurista Miguel Baldez; e os deputados Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Jânio Mendes (PDT-RJ), Robson Leite, Gilberto Palmares e Inês Pandeló, os três do PT-RJ.

Após a homenagem, os manifestantes ocuparam a escadaria da Assembleia em defesa da Reforma Agrária e em lembrança dos 15 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás. No episódio, ocorrido em 17 de abril de 1996, 19 dos trabalhadores sem-terra que marchavam em defesa da Reforma Agrária foram assassinados na chamada “Curva do S”, no Pará. Dentre eles estava o jovem Oziel Alves, de 17 anos. “Ele foi executado a tiros de joelhos, gritando ‘Viva o MST’ e ‘Viva a Reforma Agrária’”, lembrou Marina dos Santos durante a entrega da Medalha. Não houve punição a nenhum dos cerca de 150 policiais militares envolvidos no caso, que resultou também em cerca de 70 pessoas feridas e centenas traumatizadas.

Depois do massacre, o 17 de abril passou a ser o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária e o Dia Internacional de Luta Camponesa.  “Os companheiros que vêm ocupando terras, fazendo passeatas, marchas e protestos para exigir a Reforma Agrária estão legitimamente cumprindo a lei. Todos nós vamos continuar fazendo o que Oziel nos ensinou: vamos até a morte seguir lutando pela terra e por justiça no campo”, destacou a coordenadora nacional do MST. Da ALERJ o grupo seguiu em marcha até o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para entregar suas reivindicações.  

Impunidade no campo e na cidade

José Luis Faria da Silva, de 50 anos, também esteve presente na manifestação. Ele lembrou que a impunidade dos crimes cometidos por policiais militares não ocorre só no campo: esta é uma triste realidade que se repete diariamente na cidade do Rio. Também faz 15 anos que seu filho Maicon, de dois anos de idade, foi assassinado enquanto brincava no quintal de casa, em Rocha Miranda, bairro da Zona Norte do Rio. Ninguém foi punido. Um dos responsáveis pelo crime, Pedro Dimitri Amaral, na época do 9º Batalhão da Polícia Militar, inclusive foi promovido a major. “Vim aqui para tentar organizar, junto com o MST, uma manifestação até Brasília para cobrar pelos crimes cometidos pelo Estado Brasileiro”, desabafou o pai de Maicon.  Outros casos, como a Chacina de Acari, de 20 anos atrás, também resultam em impunidade.