Por Rosângela Ribeiro Gil – jornalista sindical de São Paulo e do NPC
A nova edição de “O Brasil Privatizado – um balanço do desmonte do Estado”, do jornalista Aloysio Biondi (1936-2000), será lançada no dia 15 de setembro, às 19h, na sede do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Rua Genebra, 25, Bela Vista, São Paulo). O livro – que teve sua primeira edição publicada em abril de 1999, alcançando, à época, a marca de mais de 125 mil exemplares vendidos – traz a análise e as críticas de Biondi, um dos jornalistas econômicos mais importantes do País, e conta com a apresentação de profissionais de peso da imprensa brasileira. A introdução é assinada por Janio de Freitas, e o prefácio é de Amaury Ribeiro Jr. A atividade é uma ação conjunta da Geração Editorial e do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
Essencial para o conhecimento do Brasil e das escolhas que foram feitas em seu nome, o livro descreve uma sucessão de inacreditáveis negócios. Tudo com uma capacidade de explanação e clareza que fez da obra um best-seller.
O lançamento da nova edição será marcado por um debate com as presenças do jornalista Janio de Freitas, do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, de Amaury Ribeiro Jr. (autor de “A Privataria Tucana”) e de Antonio Biondi (projeto “O Brasil de Aloysio Biondi”). A mediação será de Renata Mielli (Barão de Itararé).
A obra chega às livrarias em um momento em que, novamente, seu tema estará no centro dos debates. O Brasil Privatizado é “legado fundamental para o conhecimento do nosso tempo brasileiro”, conforme a observação de Janio de Freitas.
Biondi conta como estatais foram entregues com os cofres recheados. A Telefónica de España, que comprou a Telesp, recebeu a empresa paulista com 1 bilhão de reais em caixa.
Espantosamente, a Vale do Rio Doce foi repassada com 700 milhões de reais em caixa. O Brasil vendeu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em troca de moedas podres — títulos antigos emitidos pelo tesouro e comprados por até mesmo 50% de seu valor de face.
Como se não bastasse, Biondi nota que a CSN foi “imediatamente presenteada” com um empréstimo de 1,1 bilhão de reais do BNDES para execução de um plano de expansão de cinco anos. Com direitos a juros privilegiados, abaixo dos níveis de mercado.
Apoiado em pesquisa e análise minuciosas, Biondi traz números e percentuais que espantam um público que, durante todo o processo de leilão do patrimônio público, foi mantido longe da verdade dura dos fatos. Talvez o mais importante jornalista econômico que o país já teve, ele enfrentou praticamente sozinho o silêncio com que a mídia empresarial circundou o lado escuro das privatizações.
Sobre o autor
Durante 44 anos, Aloysio Biondi, paulista de Caconde, onde nasceu em 1936, mas criado em São José do Rio Pardo, ajudou a iluminar a cena econômica brasileira. Tarefa que cumpriu na Folha de S. Paulo, Jornal do Comércio (RJ), Diário Comércio Indústria (SP), revistas Veja e Visão, Correio da Manha, Opinião, entre outras publicações. Foi editor, secretário de redação e diretor-executivo.
Sob a ditadura, peitou os ministros da área econômica. Protagonizou bate-boca homérico com Delfim Netto, então na Fazenda. Tudo por causa do artigo que publicou na revista Visão, detectando rombo de 800 milhões de dólares na balança comercial em 1968. Na década de 1990, negou-se a rezar pelo catecismo neoliberal que seduziu as redações. Era de extração e formação diversas em que, inversamente ao que hoje ocorre, um jornalista não pensava necessariamente como pensava o seu patrão.