O jornal O Cidadão foi criado há dez anos pelos moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. De lá para cá, já foram lançados 58 exemplares do jornal, que circula em 16 comunidades. Participam da produção do veículo cerca de dez pessoas, que ocupam cargos  como de editor, repórter, coordenador e diagramador. Hoje trabalham no jornal alguns voluntários, que participam com o envio de matérias, sugestões de pauta, de fotos etc.

“A principal importância é veicular aquilo que para a grande mídia não interessa. No O Cidadão, o objetivo é falar tudo aquilo que o morador de favela sofre, vive. Valorizamos cada assunto, cada pessoa”, declara Gizele Martins, editora do jornal.

 

Para ela, a chamada “grande mídia” se comporta, na maioria das vezes, de forma preconceituosa. “Percebemos isso nos casos de violência. Parece que é apenas isso que interessa. Agora a nossa cultura, a nossa gente, o nosso dia-a-dia, isso não é mostrado, não é valorizado. Nada disso é explorado, como eles fazem nos casos de violência”, disse Gizele. 

                                                                                                          

O jornal O Cidadão foi um dos vencedores do Prêmio Pontos de Mídia Livre. Para Gizele, o prêmio servirá para contornar as dificuldades que normalmente surgem. “O prêmio deu uma levantada na galera, já que sofremos muito com a falta de material de trabalho. Vamos comprar tudo o que precisamos para garantir os próximos dez anos do jornal. Já tivemos muitos atrasos pela falta de computador, máquinas fotográficas, gravadores, coisas básicas para a saída de um jornal”.

 

Além do jornal, a equipe mantém atualizado o blog do Cidadão (http://ocidadaonline.blogspot.com/). O objetivo é tentar conquistar também o público mais jovem, além de atualizar sempre as matérias seguindo a rapidez das informações.