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[Por Emílio Azevedo/NPC-MA] Marielle Franco veio ao mundo para fazer história. Ontem, dia 18 de março de 2018, um domingo, a TV Globo, através do programa Fantástico, falou a verdade sobre a vereadora de esquerda assassinada quatro dias antes.

Estamos falando da mesma Globo que é filha do fascismo, que foi criada com o apoio total da ditadura anticomunista instalada no Brasil a partir de 1964, que é porta voz do famigerado neoliberalismo, que é avalista do recente golpe ocorrido no país, incluindo todas as reformas que tiram direitos dos trabalhadores. É a Globo, o império de comunicação dos Marinho, conhecida por seu total engajamento à direita e pela omissão e manipulação de informações.

Mas, nesse domingo especificamente, 18 de março de 2018, com o país chocado com o crime ocorrido no centro do Rio de Janeiro e com milhares de pessoas cada vez mais apaixonadas pelo inesgotável carisma e autenticidade de Marielle, a Globo optou por falar a verdade.  E fez isso, entre outras coisas, por conta da absoluta autoridade moral da vereadora assassinada, além da profunda identidade que essa mesma vereadora tem com a maioria do povo brasileiro.

No caso de Marielle Franco, com as mobilizações pipocando em vários pontos do país, a Globo não perdeu a oportunidade de tirar uma carta de seguro para a história. A filha da censura, que um dia em 1984 tentou esconder um comício com um milhão de pessoas pedindo eleições diretas e que recentemente estimulou a elite a bater panelas de inox, quer limpar seu pelo na biografia da jovem militante assassinada.    

Então, a Globo defendeu Marielle das calúnias que ela vem sendo vítima, deu voz aos direitos humanos, aos favelados, negros e lésbicas, fazendo questão de dizer que Marielle vem de uma família católica. Em março de 2018, a Globo optou por se afastar, circunstancialmente, da direita odienta. Temos que ter cuidado com o que vem depois.

A posição da Globo, em relação a Marielle, revela as contradições que são próprias da vida e, por isso mesmo, também da política. A direita brasileira está dividida. Hoje, depois de afastar o PT do poder, não existe uma articulação que junte, no mesmo projeto estratégico, os fascistas, fundamentalista e neoliberais. Nesse setor conservador, de direita, da qual a Globo faz parte, existem interesses conflitantes. Interesses políticos e econômicos.  

Por outro lado, essa mesma direita teme uma união do campo popular. E tem medo do poder Marielle.  Diferente dos fascistas que acharam que iriam calar Marielle após a execução, existe uma direita mais sofisticada que sabe que agora ela é mais forte e que veio para ficar.