[Por Sérgio Domingues] Rodrigo Duterte é uma espécie de Bolsonaro das Filipinas. Eleito presidente em 2016, afirmou durante sua campanha eleitoral:
Hitler massacrou três milhões de judeus. Há três milhões de viciados em drogas nas Filipinas. Eu ficaria feliz em massacrá-los.
Sua chegada ao poder é mais uma história suja envolvendo o Facebook, relatada no livro “Mídia antissocial: como o Facebook nos desconecta e enfraquece a democracia”, de Siva Vaidhyanathan.
Segundo Vaidhyanathan, em 2015, as Filipinas convidaram o Facebook a oferecer seu serviço “Free Basics”, que permite acessar suas páginas sem desconto no pacote de dados das operadoras.
Com isso, o Facebook tornou-se o único serviço de mídia importante nas Filipinas. Um país com mais de 105 milhões de habitantes, rico em recursos naturais e com uma corajosa história de resistência anticolonial.
A campanha de Duterte foi fortemente centrada em postagens falsas, caluniosas e cheias de ódio no Facebook. Faltando um mês para a eleição, ele ocupava 64% de todas as conversas relacionadas às eleições na rede de Zuckerberg.
Apenas o Facebook teve permissão para transmitir a posse presidencial.
Poucas semanas após Duterte assumir, policiais ou milicianos já haviam executado quase 2 mil suspeitos de ligação com o tráfico. Até novembro de 2018, eram mais de 12 mil mortos dessa maneira.
Nada disso impediu que Zuckerberg mantivesse e ampliasse sua parceria com o governo filipino. Afinal, por meio dela, o Facebook financiará links submarinos para facilitar os fluxos de dados digitais para a Ásia Oriental e o Pacífico Sul.
Desse modo o Facebook confirma que, tal como aconteceu com Hitler, ao grande capital pouco importa que milhões possam morrer.