A tese de doutorado da juíza federal Salette Maccaloz virou livro: O Poder Judiciário, os meios de comunicação e a opinião pública. Nele a autora fala de comunicação, análise de discurso e filosofia e Judiciário. “Este conhecimento não é só pelo fato de ser juíza, mas também pelo longo tempo em que trabalhei como advogada trabalhista, cível e do mercado de capitais”, afirma Salete.
E é a própria autora quem explica o seu trabalho “Usamos todos os meios de comunicação, principalmente a imprensa escrita (jornais e revistas). Manipulamos um enorme quantidade de material e só relacionamos os que foram utilizados em citações para, através do que a imprensa noticiava, analisava e reproduzia como opiniões de populares ou profissionais, colocar todos os problemas da cidadania na sua necessidade de Justiça.
Demonstramos o uso dos mass mídias, em escala crescente pelos profissionais do Direito, sempre na mesma linha de raciocínio, em grande sintonia com os profissionais da comunicação, sobre os apontados “problemas” do Judiciário, sem a análise de suas reais causas, em consequência, as propostas e projetos de melhoria não trarão o resultado almejado. Usamos esta comparação para demonstrar quem ganha e quem perde com a morosidade da Justiça e, principalmente, quais são as mudanças que estão acontecendo de forma calada e velada com a finalidade de esvaziar os direitos do cidadão a começar pela educação formal, passando pela faculdade de Direito, pelas instituições, pelos “modismos”, pelos meios de comunicação, etc., até chegar na ideologia e no papel da cultura pelos formadores de opinião.
Até a metado do livro, o tema vai neste encadeamento. Daí em diante coloquei os assunto vinculados em forma de capítulos autônomos de modo que podem ser lidos antes ou depois do tema central, até entremeado, em relação aos quais destaco: a questão da morosidade, refletindo, em profundidade, o significado da “velocidade” para a sociedade do século XX; o papel do cinema e dos filmes estadunidenses na desfiguração do juri brasileiro; não esqueci das mulheres na magistratura, mas é no capítulo “Os Jovens na Magistratura” onde vamos examinar o confronto absoluto entre o NOVO e o VELHO, inclusive em plano pessoal e íntimo, pelo qual se faz a mais eficaz dominação e controle social e político.
Conluímos que a desmontagem da cidadania está sendo feita não pela mundaça ostensiva da lei, mas pelo esvaziamento da cultura, do conhecimento, das instituições e pelo uso eficientíssimo dos meios de comunicação para matar o direito na conciência, no coração e no desejo das pessoas. Leiam o livro, vocês podem não gostar do estilo, mas com certeza ficarão incomodados, até com o excesso de “comunicação”.