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[Por Reginaldo Moraes] Organize sua cabeça pelo que diz a grande mídia. É receita certa para pirar. Por que essa grande mídia sabia bem, muito bem, o que queria destruir, mas eles não sabiam, ou não tinham consenso, sobre o que, exatamente, colocar no lugar.

Quando a coisa passou para essa fase, desgovernou. Um exemplo: não sabem o que fazer com os ídolos de ontem e anteontem. O caso Aécio é o mais embaraçoso. Todo mundo quer apagar o moço de sua coleção de fotos.

Mas não é apenas a mídia. Também seus gurus viraram biruta de aeroporto. Vejamos um exemplo.

Em mais uma de suas aparições macabras, o fazendeiro e investidor imobiliário, FHC, diretamente de Washington, deu seu veredito sobre Aécio. O cheiroso cidadão de Higienópolis está lá na Casa Grande de seus patrões para explicar a corrupção na América Latina. Nesse tema ele é catedrático, nele está mergulhado desde que presidiu à privatização do Brasil, o maior negócio do século XX. Vai aproveitar para dar um pulinho em New York e vistoriar o seu apartamento na Trump Tower, imóvel que cedeu para uso do falso bastardo. Dizem que o menino travesso não tem pago o condomínio.

Segundo o ínclito fazendeiro e leiloeiro, o STF tem que ser obedecido, não importa o que diga. Ele é o “guardião da Constituição”. Podemos dormir tranquilos, temos um guardião, ainda que não tenhamos registrado sua presença vigilante quando essa Constituição foi pisoteada, em 1964 ou em 2016.

FHC não está exatamente seguro. Afinal, “o Supremo também tem problemas”, diz ele. Não diz quais são os problemas, afinal, pode haver crianças na sala, as estórias de alcova precisam ser evitadas, mesmo pela boca solta do famoso garanhão.

Numa coisa, porém, FHC acertou quase em cheio. Diz ele: ninguém lembra dos generais de quatro estrelas, mas muitos lembram dos onze do Supremo.

FHC atirou no que viu, acertou no que não viu. Os onze do supremo fazem o papel dos generais-ditadores de antanho. Geisel baixava pacotes, Médici baixava porrada, Figueiredo baixava o nível. STF baixa a crista. Antes, quando havia flagrante do Aécio batendo carteira, necas, deixa o homem na boa. Agora, numa tacada, diz qualquer coisa para sossegar os generais que andaram resmungando.

O general falou, tá falado. Era assim com o golpe militar. Agora é assim, com o golpe togado: o STF falou, tá falado.

E quem fala pro STF que suas eminências passaram dos limites? Jeová. Mas só na próxima gestão, se não perder o cargo por decisão do STF.

E assim ficamos. Sob as ordens de um time de decoradores de código, de duvidosa alfabetização e mais do que tenebrosas conexões. No dia em que disserem que focinho de porco é tomada, seremos obrigados a ligar a TV no suíno. E vamos descobrir que Merval e seus coleguinhas já tinham feito isso.