Tenho muita coisa para falar sobre o documentário “Panteras Negras”, no Festival do Rio, mas só vou falar sobre uma vivência. Eu estava vindo de metrô para o cinema, em Ipanema. Uma mulher negra na saída me pergunta onde é a rua Aníbal de Mendonça e eu sem localização vou ajudando. Ela pede para me acompanhar já que era o mesmo caminho. Ela diz que estava atrasada para uma entrevista de emprego e celular estava sem bateria. Ofereço meu celular, ela recusa, porque não lembrava o número. Ela me confessa que só me pediu informação, porque eu sou negra e não ia temer a um assalto. Viemos juntas falando como certos bairros como Ipanema são tão brancos e não nos reconhecemos. Ela me deu o telefone e ainda me disse no final: “amiga, me faz tchau e finge que viemos de taxi. Me liga”.
(Camila Marins é dirigente do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro)