Eu o vi de longe duas vezes: no Recife, quando chegou do exílio; e num comício em Vitória, no Espírito Santo. Devorei os dois volumes do seu livro “Memórias”. Em 1982, Márcio Moreira Alves disse que tinha um presente para mim. Levou-me à casa de Modesto da Silveira e me apresentou a Gregório Bezerra, com quem conversei sobre dúvidas de juventude naqueles anos de rachas partidários. Confesso: o que sentia por ele era algo meio religioso. Num dia de outubro de 1983, morando em Petrópolis, na região serrana do Rio, recebi a visita de um camarada que, muito tristemente, me comunicou: Gregório morreu. Eu chorei. 

(Claudia Santiago -é editora do BoletimNPC)

Nota: Gregório Lourenço Bezerra nasceu  em Panelas, Pernambuco, em 13 de março de 1900 Analfabeto até os 25 anos, aos 30 anos de idade se filiou ao PCB. Passou 23 anos na prisão. Foi deputado federal por Pernambuco de 1946 a 1948, quando foi cassado e passou a viver na clandestinidade por nove anos. Preso por ocasião do golpe militar, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. Em 1967, foi condenado a 19 anos de prisão. Dois anos depois, foi solto em troca do embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado por grupos de oposição armada. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil e publicou o livro MEMÓRIAS, relançado em 2011 pela Boitempo. Faleceu no dia 21 de outubro de 1983, em São Paulo. Fonte: Boitempo.