Os assassinos, esses facínoras, esses canalhas que foram presos ontem, eles subestimaram a força do povo brasileiro e é por isso que nós estamos aqui hoje. Eles acharam que estavam matando mais uma mulher negra, mais uma trabalhadora, mais uma vereadora. E geralmente o Estado brasileiro não dá conta de pessoas que morrem e têm essas características. Só que eles erraram redondamente e se enganaram. Eles subestimaram a nossa força e a nossa capacidade de organização. Olha o que eles fizeram: eles nos deram a oportunidade de discutir um novo projeto para o Estado brasileiro e para a sociedade brasileira. Nós precisamos pensar uma política de segurança pública que enfrente com firmeza esses criminosos que fizeram o que fizeram com Marielle. Nós precisamos enfrentar com firmeza os milicianos, os grileiros de terra. Só que essa política de segurança pública vai nos exigir ter controle do território brasileiro. E isso significa o seguinte: fazer reforma agrária, reforma urbana, demarcação de terra indígena e titulação de terra quilombola. E tomar controle do território significa levar cidadania e política pública exatamente para que as milícias não o façam. Marielle Franco agora virou um símbolo nacional. Virou uma prova da nossa força e da nossa capacidade de nos reorganizar e resistir às barbáries que esse país nos perpetra. Eles pensaram que estavam retirando Marielle da vida, retirando Anderson da vida, e sabe o que eles fizeram? Eles fizeram tudo que não querem fazer quando se trata de gente como nós. Eles nos colocaram na história. Viva Marielle Franco! Viva Anderson Gomes! [Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, em pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados durante homenagem à Marielle e Anderson no dia 27.3.24]