[Por Redação NPC – 20.04.2017] Há 120 anos, surgia, no Centro do Rio de Janeiro, o Morro da Providência – a primeira favela do Brasil. Os primeiros moradores eram ex-escravos e soldados, que retornaram ao Rio em 5 de novembro de 1897, após terem vencido a guerra de Canudos. Para contar essa história de ocupação e resistência, e mostrar as relações com a guerra travada no sertão baiano, a Galeria BNDES lança, no dia 24 de maio, a exposição fotográfica “Morro da Favela à Providência de Canudos”, de Maurício Hora, fotógrafo autodidata nascido e criado na Providência.
No início, a Providência era chamada de “Morro da Favela”, uma referência ao arbusto Cnidoscolusquercifloius, conhecido popularmente como “Favela” ou “Faveleira” e, na época, encontrado de forma abundante no local. Muito comum no sertão baiano, a planta também se proliferava no morro de mesmo nome existente em Canudos. Ao retornarem ao Rio e não receberem o soldo prometido, os soldados que participaram dos combates em Canudos começaram a ocupar a parte baixa do morro. O morro também foi ocupado por ex-escravos e pessoas de baixa renda, muitas oriundas dos cortiços que haviam sido destruídos. Hoje o local onde foram construídas as primeiras casas não existe mais. Na área, anos depois, foi iniciada uma grande extração de pedras para as obras do Centro da cidade.
O projeto que entrelaça as histórias de Canudos e do Morro da Providência teve início em 2013. No olhar do fotógrafo, além da geografia, dois acontecimentos expuseram semelhanças entre os dois lugares. De um lado, a seca rigorosa no sertão baiano, que fez reduzir o nível de água do açude construído sobre o antigo vilarejo de Canudos, trazendo à tona as ruínas do cenário da guerra. E, de outro, as obras de revitalização da Zona Portuária carioca, que rasgaram as ruas e o cotidiano da favela e dos bairros em seu entorno, tornando ainda mais vulnerável a vida por ali. No olhar do fotógrafo, esses acontecimentos expuseram semelhanças entre os dois lugares, além da geografia.
Na exposição, que tem curadoria de Bruna Azevedo, as fotografias são divididas em quatro temas centrais – ruínas/obras, paisagens, pessoas e conexões – que se repetem ao longo de duas sessões: uma sobre Canudos e outra sobre a Providência (Morro da Favela). As imagens dispostas entre elementos cenográficos que aludem aos dois ambientes retratam pessoas comuns em suas rotinas; os aspectos da seca e da vida no sertão baiano contrapostos à realidade da favela carioca urbana. Além de fotos, o público pode conferir entrevistas com moradores de Canudos e da Providência.
Serviço:
De 24 de maio a 14 de julho
De segunda a sexta, exceto feriados, das 10h às 19h
Visitas guiadas de segunda a sexta, exceto feriados, às 12h30; quartas e quintas às 18h15
Espaço Cultural BNDES – Av, Chile, 100 – Centro – Rio de Janeiro – RJ (Próximo ao metrô Carioca).