Sem títul

 

[Por Luisa Santiago] Em meados da década de 90, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o Congresso Nacional aprovou a quebra do monopólio estatal no setor de telecomunicações brasileiro, condição que era garantida pela Constituição Federal de 1988. Esse foi um passo decisivo que abriu as portas para os processos de privatização do setor. Diversos movimentos se organizaram contra esse projeto, mas o governo foi adiante.

Um dos principais argumentos em defesa da privatização era o de que ela geraria concorrência e, consequentemente, faria com que as empresas oferecessem aos consumidores um serviço de melhor qualidade.

A realidade, no entanto, é bem diferente do discurso. Hoje, em 2017, 23 anos depois do início do processo de privatização, o serviço oferecido pelas operadoras de telefonia e internet é de péssima qualidade e causa diversos transtornos aos usuários.

Vejamos o nosso caso, por exemplo. O Núcleo Piratininga de Comunicação é formado por jornalistas, estudantes, programadores visuais, comunicadores populares e pesquisadores de diferentes estados do Brasil. Atuamos junto a sindicatos que estão igualmente em vários estados diferentes. Produzimos comunicação, notícia, informação. Nosso trabalho – como o de muitos companheiros -, hoje, depende do bom funcionamento da internet. No entanto, estamos há seis meses numa luta diária para conseguir receber um serviço de qualidade no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Mas se era pra privatizar para melhorar o serviço porque tão pouca qualidade e um preço tão alto? A quem serviu esse discurso e esse processo? Quem ganha diariamente com ele? Os consumidores, com certeza, não são.