[Por Vito Giannotti]
Na quarta feira, dia 14, no Brasil e no mundo, milhões se chocaram com a chacina de 12 negros numa igreja dos EUA. Nada de novo por lá. De trinta anos pra cá, atos de racismo se repetem na terra do tio Sam. Os tempos das grandes manifestações contra o racismo e contra a guerra do Vietnã se passaram. O pastor Martim Luther King e os Panteras Negras de Malcom X já são temas para museus. Hoje os EUA aceitam tranquilamente as monstruosidades de Bush pai e filho. O apresentador de televisão Jon Stewart declarou logo depois desta chacina: “Nós invadimos dois países, gastamos trilhões de dólares, inutilizamos milhares de vida de soldados americanos e disparamos maquinas da morte não tripuladas sobre cinco ou seis países para garantir a segurança dos EUA. Nós até torturamos em nome da segurança nacional”. É nesse país que o racismo está se mostrando de cara aberta. Ser negro, nos EUA é ser condenado a ser cidadão de quarta ou quinta categoria. E hoje sabemos, um candidato à morte numa igreja, numa boate ou numa escola.
O nosso racismo escondido
Mas, nós no Brasil,não temos nada disso. Aqui não há racismo. Há até um livro do chefão da Globo, Ali Kamel que tem esse título: “Não há racismo no Brasil”. Mas a realidade é bem outra. Uma enquete da FSP nos diz que somente 1,4% dos juízes do Brasil são negros. E isso num paisno qual mais de 50% da população se declara negra. Toda nossa cultura se assenta nesta balela que aqui não há racismo. Mas é só abrir um a revista para ver o contrário. Peguei no dentista a revista Caras de 29/5/2015. Abro por acaso numa página com a manchete: “Beleza nacional invade Cannes”. Sim invadiu, com dez páginas de lindas dondocas. É um show de 67 mulheres, todas brancas. Cadê as belezas negras?. Na revista toda contei mais de 600 carinhas lindas de mulheres. Destas, vi três que lembravam a África. Cadê a mulher negra no Brasil? No Brasil há negras, africanas, afrodescendentes? Nada disso!
E a gente acha isso normal. As madames dos bairros chiques do Rio que olham essas revistas chegam ao orgasmo a ver tantas belezas, todas da sua raça. Alguns passos foram dados para diminuir esse racismo, esse ódio, esse asco ao negro. Mas falta muito. Falta uma longa batalha do governo, das escolas e de toda a sociedade para evitar de chegar aonde os Estados Unidos chegaram.