- Ismar de Oliveira Soares, por Ana Manuella Soares
Um curso inovador que junta Comunicação e Educação ensina alunos das séries do ensino fundamental a produzirem programas de rádio nas escolas. O “Educomunicação pelas ondas do rádio” nasceu em 2001, financiado pela Prefeitura de São Paulo e coordenado pelo professor da USP Ismar de Oliveira Soares. O curso é uma das atividades de um projeto de pesquisa do Núcleo de Comunicação e Educação da USP (Educom) e atende a 12 mil professores, alunos e membros de comunidades educativas em 455 escolas do município de São Paulo.
A produção dos programas realizados pelas rádios instaladas nas escolas é feita pelos próprios professores e alunos da rede. Da elaboração das pautas, reportagens até inserção no ‘ar’, todas as atividades do Educom.rádio são integradas às práticas curriculares dos estudantes. O projeto conta com uma equipe de formadores composta por 200 especialistas formados pelo próprio NCE.
O objetivo do Educom.rádio, segundo seus idealizadores, é resolver um problema específico: a violência nas escolas. O programa conta com a instalação de um laboratório de rádio em cada escola. No curso, os alunos aprendem técnicas de operação de som, locução, pauta de programação, técnicas de entrevistas e interpretação. Segundo Ismar Soares, os dados da Secretaria de Educação indicam que, em uma ano e meio de atividades com as rádios, os índices de violência nas escolas municipais reduziram em 50%. Entrevista a Ana Manuella Soares, fevereiro de 2006, para o Boletim NPC.
BoletimNPC — Como surgiu a idéia de uma rádio feita por alunos das séries do ensino fundamental?
Ismar — O Programa “Educomunicação pelas Ondas do Rádio” (Educom.rádio) surgiu em 2001, quando a professora Dirce Gomes, coordenadora do Projeto Vida, da Prefeitura de São Paulo, convidou o Núcleo de Comunicação e Educação (www.usp.br/nce) para colaborar na redução da violência nas escolas do ensino fundamental. Foi, então, que nos lembramos de experiências internacionais, nos Estados Unidos e na África do Sul, que faziam uso dos recursos da comunicação, tais como ao vídeo-arte e o rádio, para solucionar conflitos.
No caso de São Paulo, propusemos introduzir nas escolas o conceito da educomunicação, um novo campo de intervenção sócio-pedagógica voltado para a ampliação da capacidade de expressão de todos os membros da comunidade escolar. É o que chamamos de “ecossistema comunicativo” em espaços educativos. Nossa proposta foi a de trabalhar conjuntamente com professores, alunos e representantes da comunidade, num curso semestral, no sentido de colaborar com as escolas para introduzir a comunicação como um eixo transversal nas práticas educativas.
No caso, estamos falando de uma comunicação dialógica e participativa, vencendo o verticalismo que predomina nas relações de comunicação entre professores e alunos. Para tanto, escolhemos a linguagem radiofônica como um recurso eficaz para aproximar toda a comunidade educativa. Através do diálogo propiciado pelo uso do rádio, esperávamos superar a violência.