No final da década de 70 (78 – 79 – 80), após 15 anos de ditadura, uma onda de greves explode no Brasil. Os trabalhadores tomam as ruas, as praças, os estádios. Renasce, no Brasil, a necessidade de uma Central Sindical.

O Rio de Janeiro participa ativamente desta história. Da história que dará origem à Central Única dos Trabalhadores.  

No processo de criação da CUT foram realizados importantes encontros. Vários deles aconteceram no Rio de Janeiro. Já em julho de 78, no Rio, num congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria, a ala combativa do sindicalismo se agrupa na intersindical.

Em 1979, ano marcado por grandes greves, cerca de 400 dirigentes sindicais de vários estados do país se encontraram em Gragoatá, Niterói. Foram mais de 3 milhões de grevistas.

Em São Paulo, a Oposição Sindical lidera a greve dos Metalúrgicos na qual morreu assassinado em piquete, o operário Santo Dias

Em setembro do ano seguinte, 1980, novamente o Rio de Janeiro é sede de um Encontro Nacional: o Encontro Nacional dos Trabalhadores em Oposição à Estrutura Sindical, o Entoes, em Nova Iguaçu.

Naquele mesmo ano, os metalúrgicos de São Bernardo iniciam a série de greves que virarão sua marca: a marca da CUT. Greves de massa, de longa duração e de confronto com o governo.

No Riio, os metalúrgicos também fizeram greve, Uma greve de 7 dias, também dos metalúrgicos, com ocupação da avenida Brasil. Os trabalhadores da Fiat de Xerém fizeram seguidas greves de 78 a 81.

Muitos trabalhadores participaram deste momento no Rio de Janeiro. As greves dos professores, dos rodoviários e dos trabalhadores da Comlurb mexeram com a vida do cidade naquela ano.

A fundação da CUT no Brasil e no Rio de Janeiro

Em agosto de 1983 é fundada a CUT. Um mês antes tinha acontecido a primeira greve geral no nosso país.

Muitos fluminenses e cariocas participaram do congresso de fundação da CUT, em São Bernardo do Campo. Estavam lá metroviários, metalúrgicos de Niterói e de Volta Redonda, vidreiros, engenheiros, arquitetos, radialistas, assistentes sociais e as oposições de bancários e professores, entre outras.

De agosto de 1983 a agosto de 1984, várias CUTs estaduais foram criadas, no Brasil a fora.

No nosso estado, ela foi implantada em 1984. Em março foi criada a CUT Regional Sul Fluminense  e em abril do mesmo ano, a CUT estadual Rio de Janeiro. O metroviário Geraldo Cândido é seu primeiro presidente.

Participaram do congresso de fundação da CUT Rio de Janeiro, 311 delegados representando 19 entidades e algumas oposições sindicais.

Inicialmente estavam na CUT, além de militantes sem filiação partidária, os militantes do Partido dos Trabalhadores e uma parte da militância do PDT. Mais tarde vieram os sindicalistas ligados ao PCdoB e ao PCB.

Como nos outros estados, a CUT do Rio passou por várias etapas.

Primeiro vieram os tempos heróicos, quando o mais importante era ganhar eleições sindicais sob a bandeira da CUT. Depois, a fase da consolidação.

Fundar a CUT estadual Rio de Janeiro foi um ato de audácia de dirigentes e militantes. Os primeiros funcionários da CUT demoraram um pouco para receber salário. Não havia recursos financeiros.

No início eram poucos sindicatos. A vida só começou a ficar mais fácil com a vitória da chapa da CUT na eleição do Sindicato dos Bancários do município do Rio de Janeiro.

A vinda do Sindicato dos Bancários para a CUT foi um marco na vida da Central. Com a ajuda dos bancários muitas oposições cutistas venceram eleições e assumiram a direção de sindicatos.

A história da CUT Rio é marcada por momentos fortes,
alegres e tristes

Em 1985 é assassinado o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cabo Frio, Sebastião Lan.

Em 86, os 130 mil profess

ores da Rede Estadual entraram em greve cobrando uma resposta do governador Brizola sobre o Plano de Carreira da categoria. As assembléias chegaram a reunir 20 mil pessoas no Maracanazinho.

Durante a euforia do Plano Cruzado, em 1986, quando muitos viraram fiscais do Sarney, os militantes da CUT/RJ foram vaiados na avenida Rio Branco porque diziam que o Plano Cruzado era uma furada. Logo, logo a população viria a perceber a CUT estava certa.

Em novembro de 88, o Exército invade a CSN e mata três operários durante greve de ocupação na companhia: William, Valmir, Barroso. Para privatizar a CSN era preciso quebrar o Sindicato dos Metalúrgicos, um dos baluartes da CUT no Rio de Janeiro.

No mesmo ano o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda, Juarez Antunes, é eleito prefeito.

Em 13 e 14 de março de 89, a CUT chama uma grande greve geral com a palavra de ordem pelo fim do arrocho e “Fora Sarney”. No Rio, foi marcante a união das categorias dos transportes: ônibus, trens, metrô e barcas não circularam.

No dia 1º de Maio de 1989 a prefeitura de Volta Redonda ergue um memorial em homenagem aos operários assassinados na greve de 88. No dia seguinte uma bomba joga por terra o memorial. Meses depois, Juarez morre num acidente automobilístico. O bispo de Volta Redonda, D. Valdir Calheiros tem certeza que Juarez foi assassinado.

Ainda em 88, uma outra má notícia. Os latifundiários mandam matar o dirigente nacional da CUT e líder seringueiro, Chico Mendes.

Em julho de 89 é fundada a CUT/ Baixada.

O primeiro voto para presidente da CUT Rio de Janeiro foi um voto cheio de si. Cheia de orgulho a CUT/RJ indicou o voto no Lula nas eleições de 89. Estavam em disputa dois projetos de sociedade: Lula X Collor.

Em junho de 92, uma passeata gigantesca durante a Eco –92. Foi a “Eco dos Oprimidos pela Vida”. Reunidos em alas os manifestantes denunciaram o abandono da saúde, da educação, da vida.

18 de Julho de 1992. Morre Isabel Picaluga, militante combativa, fundadora e secretária de Formação da CUT-RJ.

Agosto de 1992. A CUT/RJ lança o número único de sua revista Conquista e o seu Informativo diário, o Rápido.

Em 92, foi o Rio contra Collor. A CUT / Rio não saiu das ruas enquanto Collor de Mello não saiu do Palácio do Planalto. Trabalhadores e estudantes lotaram as ruas do Rio em diversas passeatas com um único grito de Guerra: Fora Collor! Era o mesmo grito pelo Brasil a fora.

Nos anos seguintes ficamos conhecidos nas redondezas da Bolsa de Valores. Resistimos. Brigamos. Demos chutes. Apanhamos e batemos na luta contra a privatização das estatais.

Em fevereiro de 1996, a CUT/RJ lança o jornal Conquista nº 1.

1993. 5 de julho, Batistinha é assassinado. Em 5 de julho de 1993, dois homens armados com metralhadoras mataram um dos mais atuantes líderes sindicais pré-64, o ferroviário e ex-deputado federal, pelo PCB, Demisthoclides Baptista, o Batistinha, quando ele ainda dormia em seu quarto. Ninguém foi punido.

1995. Uma grande greve de petroleiros pára as refinarias por mais de um mês. FHC chama o exército. Em todo ao país, lê-se no peito de trabalhadores de várias categorias: Somos todos petroleiros.

Junho de 96. Greve Geral.

A CUT/RJ, internacionalista, esteve sempre ligada no mundo. Solidariedade a Cuba, aos lutadores de Chiapas, da Colômbia.

Em 1997 morre Julinho, sindicalista bancário e ex-diretor da CUT-RJ.

Os funcionários públicos tomam as ruas do Rio contra o projeto neoliberal. Viram capa de jornal.

Mulheres, negros, homossexuais. Espaço garantido na CUT/RJ

Em todos estes anos a CUT/RJ esteve junto com os trabalhadores Sem-Terra. Nos atos e ocupações. Em Rio Maria, Corumbiara, Eldorado dos Carajás a CUT sempre esteve solidária.

A CUT Rio deu bananas a Clinton em sua vista ao Brasil.

Uma CUT que não sai das ruas. A CUT Rio na Candelária. A CUT na Cinelândia

. A CUT Rio na Carioca, nas Barcas e na Central. No calçadão de Campo Grande, Madureira e Bangu. Na praça do Patriarca em Caxias e em Nova Iguaçu. Aos sábados, na Praça Saens Peña. A CUT/Rio na Marcha dos 100 mil a Brasília.

1998. Tião Sem-Medo, líder rodoviário  é assassinado.

Tião Sem Medo foi assassinado em 20 de maio de 1998. As principais suspeitas caíram sobre a diretoria do Sindicato dos Rodoviários do Rio. Até hoje, ninguém foi punido. Sebastião Francisco de Lima foi assassinado a tiros, por dois motoqueiros, ao estacionar o ônibus em que trabalhava, no ponto final. Os bandidos o chamaram e o atingiram quando ele descia as escadas da frente do veículo. Um crime premeditado. Além de líder da Oposição, Tião era diretor da CUT Rio e do Departamento Nacional dos Trabalhadores em Transportes da CUT.

1999. 20 de setembro. Edma e Marcos Valadão são assassinados

Marcos Valadão, presidente da Seção Rio da Associação Brasileira de Enfermagem. Edma Valadão, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio.

Edma e Marcos faziam parte do grupo que acusava a direção do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) de cometer irregularidades na contratação de serviços, compra de equipamentos e repasse de recursos para os conselhos regionais.

O casal foi morto durante uma emboscada na Avenida Marechal Rondon, no Engenho Novo, dia 20 de setembro de 1999, com vários tiros de pistola disparados por motoqueiros. À ocasião, o governador Anthony Garotinho chegou a afirmar que a polícia do Rio já tinha alguns suspeitos do crime. Mas, até hoje, ninguém foi preso pela morte do casal.

Década de 90

Arrocho salarial, Desemprego, Destruição dos serviços públicos, Massacre dos servidores públicos,  chacinas da Candelária e de Vigário Geral. Rio Maria, Corumbiara. Eldorado de Carajás

A tudo isto a CUT/RJ, sempre disse Não!.

Resistiu e lutou.

Lutou contra o neoliberalismo, contra o trabalho escravo, entrou na campanha de combate a LER.

Em 13 de setembro de 1999, a CUT inaugura a sua sede própria, na avenida Presidente Vargas, 502, 15º andar.

A CUT-RJ participou do II Encontro Americano pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo em Belém, entre os dias 6 e 11 de dezembro de 1999.  

Janeiro de 2000. Manchete do Jornal da CUT

 “CUT não abre mão dos direitos trabalhistas que estão na CLT”

‘Não bastasse ter tirado do trabalhador os hospitais. Tê-lo deixado sem estudo e lhe arrancado o emprego. O governo FHC vem, agora, com o que se pode chamar de tacada final. Ele quer o fim dos direitos trabalhistas dos que conseguiram manter-se no emprego.”

2000 foi um ano de muita luta.

. Plebiscito da Dívida Externa

. Jornada Nacional pela Reforma Urbana

. Marcha das Mulheres contra a pobreza e a violência

. Grito dos Excluídos

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro completa 70 anos. E Barbosa Lima Sobrinho completa 103 anos.

Em abril de 2000, a CUT-RJ diz basta de cinco séculos de exploração e exige Outros 500.

Para contar uma história que as classes dominantes escondem, a CUT-RJ fez jornal especial sobre os 500 anos da chegada dos portugueses com artigos sobre Saúde (Jandira Feghali), Educação ( Chico Alencar), Justiça (Wadih Damous Filho), Mulheres (Marta Suplicy), Índios (Claudio Bombieri), Negros (Flávio Gomes) e Trabalhadores (Marcelo Badaró).

Os delegados do 10º Cecut (de 7 a 9 de julho/2000) aprovaram

·         Fora FHC e o FMI

·         Iniciar o debate sobre a construção da greve geral ainda este ano.

·         Engajamento no plebiscito da dívida externa.

·         A CUT deve assumir uma posição independente em relação ao governo Garotinho, criticando a postura que este governo vem tomado em relação aos trabalhadores, principalmente nos seguintes casos: retenção da contribuição sindical dos profissionais de educação ao seu sindicato, o Sepe; repressão da PM aos funcionários da UERJ em frente ao Palácio Guanabara

·         Unificação do movimento social na defesa intransigente dos Serviços Públicos

·         Solicitar aos partidos políticos tempo nos seus horários gratuitos para divulgar a greve dos servidores

·         Luta pela reestatização do conjunto das empresas estatais privatizadas.

·         Encaminhar ao governo do estado a exigência do fim do processo de privatização da Cedae

·         Campanha contra a utilização do FGTS nas privatizações.  

Em agosto de 2000, o jornal da CUT publica o último artigo de Aloysio Biondi, “Pela Culatra”.

Desde 2001, a CUT-Rio de Janeiro participou de todas as edições brasileiras do Fórum Social Mundial.

2001. 22 de novembro. Aldanir Carlos dos Santos é assassinado.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Energia Elétrica do Rio de Janeiro (Sintergia), Aldanir dos Santos, de 39 anos, assassinado no dia 22 de novembro de 2001. Ele foi morto com um tiro em Bangu, por volta das 22h. Estava acompanhado de um amigo dentro do carro. O caso foi registrado no 34º DP como latrocínio. Santos seria candidato a deputado estadual pelo PT e era membro da Executiva Nacional da CUT.

Aldanir Carlos dos Santos estava há três anos à frente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia Elétrica do Rio de Janeiro e Região (Sintergia). Era conselheiro do Instituto Light, um dos dirigentes do Movimento Negro Unificado (MUC) e fundador do Coletivo Anti-Racismo da CUT.

Em 2002, a CUT faz campanha pêra eleger Lula presidente, CUT-RJ em apoio aos palestino, contra a Base de Alcântara, na celebração dos 92 anos da Revolta da Chibata.

Em 2003, a CUT-RJ vai a Brasília comemorar a vitória da Lula para presidente do Brasil e abre em sua base o debate sobre os “Desafios e perspectivas do movimento sindical diante do novo governo”.

Um governo eleito para dar cabo de uma situação injusta: O Brasil de 53 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza, com menos de R$ 100 por mês. E mais: 23 milhões destes 53, são miseráveis absolutos. Vivem abaixo do nível de miséria absoluta calculado pela ONU. Em 94 havia 30 milhões nesta situação de miséria. Em 2003 eram  53.

Esse debate continua presente no seio da CUT. Em função dele, alguns sindicatos se desfiliaram da Central e outros se filiaram.

2006. 10 de abril. Anderson Luiz Souza Santos é assassinado

Presidente do Sindicato dos Frios (Sintrafrio) do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense e diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação da CUT, Anderson Luiz Souza Santos, foi assassinado no 10 de abril em São João do Meriti nas proximidades de sua residência.

Toda a sua vida foi dedicada a organização da luta dos explorados e oprimidos. Desde muito jovem, organizando o movimento estudantil em São João do Meriti e, depois, transformando-se num destacado dirigente do movimento sindical no Rio de Janeiro, reconhecido por todos pela sua determinação e combatividade.

De 2003 a 2006, importantes batalhas foram travadas
no estado do Rio de Janeiro

Destacamos:

  • Greve dos Servidores Públicos contra a Reforma da Previdência.
  • Campanhas salariais de carteiros, bancários, metalúrgicos e outros arrancam importantes conquistas.
  • Os trabalhadores ambulantes consolidam a sua luta com o apoio da CUT-RJ.
  • Cresce no estado a luta contra a violência policial. A CUT-RJ esteve presente nas passeatas.
  • O trabalho realizado pela Comissão Estadual da Mulher Trabalhadora que desenvolveu diversas atividades.
  • Trabalhadores metalúrgicos, petroleiros, engenheiros e da indústria naval erguem o Fórum Intersindical do setor naval. Participam de todas as negociações pela retomada do setor no estado que vai gerar nos próximos anos mais de 20 mim empregos.
  • A CUT-RJ participou das Conferências chamadas pelo Governo Federal: Cidades, Meio Ambiente, Saúde do Trabalhador e Segurança Alimentar.
  • Cresce a campanha pela readmissão dos demitidos do serviço público e das estatais devido à participação em greves e movimentos reivindicatórios.
  • A CUT-RJ participou ativamente, em 16 de junho de 2004, do Dia Nacional de Lutas por Mudanças na Política Econômica.
  • Estivemos no Encontro pela Reforma Agrária que reuniu 1.500 pessoas em Niterói.
  • Estivemos em todos os atos realizados em 7 de Setembro, no Grito dos Excluídos
  • A CUT-RJ promoveu debates sobre a Reforma Sindical .
  • Estivemos presentes na luta dos petroleiros de Manguinhos contra o fechamento da Refinaria.
  • O Rio de Janeiro teve participação marcante nas Marchas a Brasília que resultaram no aumento do salário mínimo.

Presidentes da CUT-RJ

1984- Geraldo Cândido (metroviário)
1986- Geraldo Cândido (metroviário)
1988 – Carlos Santana (ferroviário)
1990 – Jaime Santiago (metalúrgico)
1991- Washington Costa (metalúrgico)
1994 – Iná Meireles (médica)
1997 – Alcebíades Teixeira (professor)
2000 – Antônio Carlos G. S. de Carvalho (previdenciário)
03 – Jayme Ramos (trabalhador da Alimentação)
 

Pesquisa e Redação: Claudia Santiago, em maio de 2006