O sindicato dos engenheiros foi criado em 22 de setembro de 1931. Atende, principalmente, engenheiros, geólogos, meteorologistas e geógrafos. As lutas nas quais o sindicato tem se envolvido estão divididas, basicamente, em três ramos de atuação: Política sindical, políticas pública e políticas sociais. Entre elas destacam-se as preocupações com habitação, energia, infra-estrutura. “O Senge tem se preocupado em dialogar com a sociedade de mãos dadas com os outros sindicatos e com os movimentos sociais”, diz Rafael Martí.
BoletimNPC – O Senge/Rio vai lançar no próximo dia 15, a Revista Especial do Engenheiro. Por que uma revista?
Rafael Martí – A idéia inicial era fazer uma revista especial dos de 75 anos do Senge, que foi em setembro do ano passado. A gente tinha pesquisado várias pautas, a participação do Senge nos acordos coletivos, a história do sindicato. Então, a gente resolveu fazer uma revista marcada pelos 75 anos, mas também sendo uma revista especial do Senge, que refletisse toda a vida do sindicato.
BoletimNPC – Vai ser só um número ou vocês pretendem torná-la permanente?
Rafael – No momento vai ser só uma edição especial. A revista é uma edição mais cara. Em nenhum momento foi discutido isso ainda. O que o sindicato quer fazer é um caderno temático com a história do sindicato, mas para isso a gente vai começar a buscar o patrocínio. Se der tudo certo, esse patrocínio com a Caixa já é uma porta aberta que a gente tem para buscar um outro incentivo deles com relação à cultura, à história do sindicato. O presidente do sindicato, Agamenon Oliveira, está buscando formular uma proposta para se criar esse caderno temático com a história do sindicato.
BoletimNPC – Como vocês definiram a pauta da revista?
Rafael – Além dos 75 anos do Senge, queríamos mostrar as principais lutas que o Sindicato está sinalizando para o futuro: a negociação coletiva, que confere legitimidade ao sindicato; a história do sindicato, não apenas na defesa da categoria, mas também seu envolvimento no movimento social, na luta contra a ALCA, a dívida externa, o fora Collor; a participação do sindicato nas negociações do salário mínimo profissional, que institui um salário mínimo pro engenheiro; a mudança no ensino de engenharia, pra que ele seja mais cidadão e proporcione um desenvolvimento inclusivo; crescente entrada das mulheres no mercado de trabalho de engenharia, que antes era predominantemente masculino. A revista abarca todos esses temas.
BoletimNPC – E como se deu a participação da diretoria na produção da revista?
Rafael – Além da definição da pauta, nosso presidente escreveu o artigo de engenharia e fez a correção das matérias, deu sugestão de rumos, mudanças, serviu até mesmo como fonte, principalmente na matéria sobre a história do sindicato, sugeriu fontes para entrevistarmos. Foi uma participação muito ativa.
BoletimNPC– De que outros meios vocês dispõem para se comunicar com a categoria?
Rafael – Nós temos o jornal mensal do sindicato; temos o site, onde nós colocamos as notícias mais urgentes; nós temos também Boletins por empresas, sempre que tem alguma mobilização em alguma empresa, nós fazemos o boletim específico pra ajudar nessa mobilização; às vezes nós fazemos alguns programas para a televisão comunitária. Mas o programa ainda não é uma metodologia periódica. Até por falta de recursos.
Boletim NPC- Vocês já fizeram algum tipo de pesquisa para saber qual o mais eficaz?
Rafael – Não. A gente tem essa intenção, mas sempre tem uma demanda mais urgente e a gente acaba deixando essa coisa de planejamento um pouco de lado, infelizmente. Isso é fundamental. A gente tem a intenção de fazer uma pesquisa sobre o perfil do engenheiro.
BoletimNPC– O engenheiro gosta do jornal do Sindicato?
Rafael – Recebemos e-mail elogiando, fazendo crítica, fazendo uma correção. Nós percebemos que o engenheiro lê com cuidado o jornal. Às vezes um erro pequeno, mas que é um erro, ele consegue detectar. Ele está recebendo o jornal em casa, e está tendo o trabalho de corrigir. Nós temos nos preocupado em fazer um jornal visualmente bonito, até mesmo influenciado pelo Vito Giannotti, porque se for um jornal feio ele não vai querer ler. Nós nos preocupamos em fazer um jornal visualmente apresentável.
BoletimNPC– Os engenheiros enviam sugestão de pauta?
Rafael – De vez em quand
o nós recebemos, sim. Mas não é muito freqüente. O que a gente está pensando em fazer é uma divulgação maior para que os associados participem mais. A gente quer mandar por e-mail pedidos de sugestão de pauta, mas nós ainda vamos nos organizar com relação a isso. É uma necessidade que a gente está sentindo, não por falta de pauta, mas para que o engenheiro, e não somente o diretor, se envolva na produção do jornal. Esse é um veículo feito para ele.
BoletimNPC– Vocês conseguem perceber qual é o tipo de pauta que a categoria mas se identifica?
Rafael – A pautas da empresa que ele trabalha. Coberturas de mobilizações ou acordos coletivos nas empresas. Quando o engenheiro vê aquela matéria, com certeza ele vai ler. Ele pode até não ler o jornal todo, mas aquela notinha falando da empresa dele ele vai ler. Ele se identifica mais com esse tipo de matéria.
BoletimNPC– Como o Sindicato preserva a sua memória?
Rafael – A gente tem buscado scanear todos os jornais antigos, colocá-los em pdf; a gente fez um programa de televisão recuperando a história de 20 anos pra cá; temos vasculhado os arquivos; a gente tem a intenção de, quando tiver verba, contratar uma pessoa para organizar os arquivos do sindicato. Muita coisa se perdeu na época da ditadura. Uma das coisas que o sindicato tem feito para preservar a memória é um caderno temático. Nós conseguimos um manuscrito de um funcionário do sindicato, Sr.º Aníbal. Ele trabalhou no sindicato desde mais ou menos 1935 até a década de 90, ele trabalhou muito tempo no sindicato, tinha toda a história do sindicato. Grande parte dessa história ele escreveu. Muitas coisas ainda têm lacunas em aberto. O presidente que buscar patrocínio para poder contratar alguém para fazer essa pesquisa.
[Por Marcela Figueiredo, em 03.01.2007]