[Extraido do livro Comunicação dos trabalhadores e hegemonia]
1800 – Nascem os jornais para dominar o mundo
(…) O século XIX pode ser definido de mil maneiras. De modo geral podemos dizer que foi o século da implantação e consolidação do capitalismo. Certo, foi o século do capital, das fábricas e… do jornal. Junto com as fábricas com suas enormes chaminés nasceram as gráficas e com estas os jornais.
Jornais para quê? Para informar? Claro, informar sobre navios que chegavam e partiam dos portos da Europa para o mundo. Informar as descobertas, os novos produtos e também noticiar os que na França se chamavam “faits divers”, sim fofocas ou amenidades. Mas isso era só o que aparecia. O objetivo que um burguês dono de uma ou mais fábricas, ou de um grupo deles reunidos tinham ao fundar um jornal era bem outro do que informar. Era formar. Formar as cabeças, moldá-las. Como se diria hoje, ganhar “corações e mentes” do povo, dos seus compadres, da massa, dos exércitos. Enfim da base da sociedade que os donos dos jornais que estavam nascendo queriam que a aceitassem como natural, boa, justa sobretudo imutável. O Século XIX, século do capitalismo industrial, precisava se legitimar, ter o apoio da sociedade. Precisava do “consenso”, como Gramsci teorizará no século XX.
Foi assim, que no século do capital, o jornal passou a ter um papel fundamental na difusão das ideias burguesas. Das ideias, isto é dos valores. Legitimação da escravidão, naturalização das guerras coloniais para a santíssima Europa poder viver em paz. E difusão em alguns países das ideias republicanas da tal Revolução Francesa. Essa era a modernização apregoada. Isso era levar a “civilização” europeia para o resto do mundo “não civilizado”. Foi graças a ele, ao jornal e à força dos exércitos que sempre iam junto com os jornais, que essas ideias e valores se tornaram dominantes. Ideias dominantes para garantir exércitos dominantes. (…)