[Extraido do livro Comunicação dos trabalhadores e hegemonia]
Século XIX – Nascem os jornais operários
(…) No século XIX, logo, os movimentos dos trabalhadores, os sindicatos e os partidos políticos que simpatizavam com os trabalhadores se preocuparam em fazer seus jornais. Para divulgar, difundir as ideias de sua classe e seu projeto de sociedade e de mundo.
Na Inglaterra, o país do capitalismo, logo após a revogação da proibição de qualquer associação de trabalhadores, em 1824-25, se organizam sindicatos, uniões, como eram chamado lá.
Logo que foi permitido existir sindicatos, nasce, em Manchester a União dos Tecelões de Algodão. Naceu um sindicato, nasceu logo em seguida o jornal sindical “A Voz do Povo” que, já em 1830, alcançava a tiragem de 30 mil exemplares.
Na industrializada Alemanha, na passagem do século XIX para o século XX, em cada cidade com mais de cem mil habitantes existia um jornal local do Partido Social Democrata Alemão (SPD), o maior partido socialista do mundo. Só para ter uma ideia, este SPD, em 1914, possuía 203 jornais com um total de 1,5 milhão de assinaturas.
Ao ouvir o nome do comunista italiano Antônio Gramsci, os que o conhecem, logo o associam com o jornal que ele fundou e dirigia, L´Ordine Nuovo, e depois com L´Unitá, órgão do partido que ele ajudou a fundar no distante 1921. Passando da Europa para o Brasil, veremos, mais adiante, que, mesmo com uma classe operária pequena, menos de 200 mil, já em 1919, existiram dois jornais diários: A Plebe, em São Paulo, e A Hora Social, em Recife.
E por que essa classe resolve fazer jornal? Para disputar sua visão de mundo com a burguesia que difundia a sua por vários meios. Por que jornais? Porque jornal era o que existia, na época, para disputar a hegemonia, como ensinavam e praticavam Lênin, Rosa Luxemburgo, Gramsci e tantos outros revolucionários da Indochina de Ho Chi Min ao Peru de Mariategui. (…)