Concebido durante a segunda edição do Fórum Social Mundial por um grupo de 20 jornalistas, e concretizado durante o ano de 2002, o Observatório Internacional dos Meios de Comunicação (Media Watch Global – MWG) foi apresentado à sociedade no dia 27 de janeiro, durante o III Fórum Social Mundial. Ele foi construído pela iniciativa de várias ONGs e jornalistas, e contou com o estímulo do jornal francês Le Monde Diplomatique e da agência Inter Press Services (IPS). Menos de um ano após sua criação, o Medi Watch Global já possui escritórios em vários países. Para Ignacio Ramonet, diretor do “Diplô” que foi eleito presidente do MWG, “assim como a grande mídia pertence à globalização, o Observatório pertence ao movimento social”.

Composto por jornalistas – que são geralmente as primeiras vítimas da concentração na mídia -, leitores/espectadores – que necessitam de informação independente e profissional – e representantes do mundo acadêmico, o MWG está preocupado com as manipulações de origem política ou econômica que a mídia vêm cometendo. Criar uma instância internacional de observação do trabalho da mídia é importante, ressaltou Ramonet, porque as empresas hoje tem atuação global. Além disso, 82% do fluxo internacional de informações parte de apenas três grandes agências.

Mas como uma ONG, que não tem poder de sanção, pode pressionar os grandes meios de comunicação a mudar o enfoque da informação veiculada? Esta pergunta foi repetida diversas vezes, e a resposta aponta para um trabalho da sociedade civil. “A perda de credibilidade de uma órgão de imprensa é a pior sanção que pode existir”, explicou o diretor da IPS, Roberto Savio. “Se as pessoas deixam de comprar um diário, esta atitude repercutirá na publicidade e na sua capacidade de sobrevivência”. Questionado se a atuação do Observatório não constituiria censura sobre o trabalho dos meios de comunicação, Savio enfatizou que não. “O MWG busca garantir que os profissionais possam fazer seu trabalho sem a influência dos donos dos meios de comunicação”, argumentou.

(Sílvio da Costa Pereira)