Sonho ou pesadelo? É o que o espectador certamente se perguntará ao assistir a este documentário, relato do despejo de 3.500 famílias da Ocupação Sonho Real, em Goiânia (GO), após um ano de assentamento, com mais de três mil casas construídas e a promessa do governador de Goiás, Marconi Perillo, de que não seriam despejados.

O proprietário do terreno, devedor de mais de 2 milhões de reais de IPTU, consegue ordem de reintegração de posse na Justiça. A partir daí, o inferno. A brutal ação da Polícia Militar daquele estado contra 12 mil pessoas, nas noites de 13 e 14 de fevereiro de 2005 e nos dias que se seguiram, visando dar cumprimento à liminar judicial que garantiu a desocupação da área, causa revolta e indignação. O terrorismo de Estado teve fim no dia do despejo ou Operação Triunfo. Foram utilizados 2.500 policiais para desabrigar, prender 800 pessoas, matar duas e deixar vários desaparecidos.

O documentário leva a questionamentos sobre o papel dos poderes Judiciário e Executivo, que socorrem grandes proprietários de terra inadimplentes com o erário público, enquanto legaliza o massacre contra comunidades pobres, ignorando até a presença de mulheres, crianças e idosos. O terror da repressão policial é evidenciado não apenas pelas imagens noturnas e diurnas nas chamadas “Operação Inquietação” e “Operação Triunfo”, mas também nos choros das crianças e nos depoimentos desesperados de mães, donas de casa, lideranças comunitárias e chefes de família que viveram de perto o horror. Interessante confrontar o apoio explícito de líderes religiosos ao movimento comunitário com o papel quase conivente, omisso ou acrítico da mídia local à desumana ação de despejo. O vídeo se encerra com o aviso de que a sua reprodução não só não é proibida, como é recomendada, porque “informação não é mercadoria”.

Sugestão de uso: Para análise de mobilizações urbanas pelo direito à moradia. Associações de moradores, grupos comunitários, sindicatos, movimentos de sem-terra e sem-teto, pastorais, comunidades eclesiais de base e grupos de comunicação alternativa.

Produção: Coletivo de Mídia Independente – Goiânia; 2006; 60 min.

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