Por iniciativa da deputada Renata Souza (PSOL), a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) promoveu no último dia 16 uma sessão solene em que a Homenagem Antonieta de Barros foi  concedida a mulheres, principalmente negras, que lutam pela para a igualdade de gênero. “Nesta solenidade temos a honra e alegria de homenagear mulheres com a homenagem Antonieta de Barros, que é concedido pela nossa mandata desde 2021, reconhecendo mulheres que são referência na luta por direitos e dignidade em seus espaços de atuação e protagonismo”, disse Renata Souza, a parlamentar mais votada da história da Alerj, jornalista, doutora em Comunicação e Cultura, e cria do Complexo da Maré, favela da Zona Norte do Rio. As iniciativas realizadas por mulheres da Maré também foram homenageadas: Bruna Silva, do movimento social Mães de vítimas do Estado; Casa das Mulheres da Maré da Redes Maré; Kamila Camillo, fundadora da ONG Crias do Tijolinho; Raissa Lima, da ONG Pra Elas; Greicy Kelly, do Bar das Minas; e Casa Resistência Maré.

Jornalista e professora, Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra a ser eleita parlamentar no Brasil, em 1934, assim como a primeira negra a trabalhar na imprensa catarinense. Vale lembrar que o direito das mulheres ao voto foi conquistado somente dois anos antes,  em 1932, através do Decreto 21.076, que criou a Justiça Eleitoral, durante o primeiro governo Vargas. Filha de lavadeira e ex-escravizada, Antonieta nasceu em 1901 em Desterro (como era chamada a atual cidade de Florianópolis). Seu pai morreu quando ela era ainda criança, mas apesar das dificuldades e barreiras,alfabetizou-se já aos 5 anos e após concluir os estudos primários, aos 17 anos, entrou na Escola Normal Catarinense, onde formou-se professora. Aos 21 anos, fundou o curso particular Antonieta de Barros para combater o analfabetismo, além de preparar jovens sem recursos para exames de admissão do Ginásio do Instituto de Educação e da Escola Politécnica. “Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços”, nos ensina Antonieta de Barros, a quem devemos o dia do professor, celebrado no 15 de outubro, instituído primeiro por ela no Estado de Santa Catarina, através da Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948, de sua autoria, e, em 1963, em todo o Brasil pelo presidente da República, João Goulart.