O ministro Ricardo Barros mirou no lado errado da pirâmide social ao sugerir a criação de um plano de saúde popular. Seria mais simples olhar para o outro lado e ver os benefícios recebidos pela parcela da população que tem mais dinheiro. O Ipea fez isso e descobriu que só os subsídios a despesas médicas representam 30,5% dos gastos do governo com o setor.
[Fernando Molica para o #Colabora.]
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Comentário de Nilson Lage
“O que você paga de plano de saúde e o que gasta, por fora (médicos, hospitais, fisioterapeutas [pilates, academia], dentistas] é abatido do imposto de renda.
Isto significa que essas despesas, para quem tem imposto de renda a pagar, são ressarcidas, no ano seguinte, pelo Tesouro Nacional, que é quem, de fato, paga a conta.
O custo da isenção fiscal para tal fim alcançou, em 2013, 25,4 bilhões de reais, ou seja, 30,5% dos gastos federais com a saúde. A fonte desse dinheiro foram impostos, pagos por todos os brasileiros
O direito dos brasileiros ao atendimento de saúde está previsto na Constituição Brasileira.
Só que esse direito deveria ser de todos – incluída a maioria que não paga imposto de renda porque não tem renda para tanto e, apesar disso, paga impostos.
No sistema atual, esses – os mais pobres – subsidiam os mais ricos.”
Comentário de Reginaldo Moraes
Esse modelo dual de saúde é um drama. Há mais de 50 milhões de usuários de planos de saúde privados. Quase o tamanho da população da França. Custa caro e é campeão em reclamações. Agora está tramitando no congresso um projeto (do Cunha!) determinando que empresas com mais de 50 empregados contratem um plano desses para cada um deles. Com direito à dedução no IR da empresa, claro. Um tesouro para as seguradoras e mais um passo na americanização do “bem-estar” brasileiro. Mas reparem bem: quando teremos coragem de questionar as deduções de IR para saúde, educação e previdência privada? Está mais do que provado que só beneficiam classe média (média alta na verdade). E somam valores enormes. Basta consultar o site da receita e ver seu relatório anual.