No sábado, dia 19 as bancas de jornais mostravam a na capa da Veja. Capa final da última semana, decisiva da eleição presidencial. No início da semana com uma transtornada Regina Duarte havia começado a “Campanha do Medo”. Ela, usando toda a arte da qual é senhora leu o que os cérebros da campanha do Serra haviam preparado. Algo tipo a volta ao terror dos comunistas da década de 50. Ela, usando todo fascínio da Malu Mulher, da viúva Porcina e da Andréa Vargas de Desejo de Mulher procurou hipnotizar os telespectadores. Esta é a linha de ataque do fim da campanha Serra. Semear o pavor do caos. O terror do Lula.
A capa da Veja número 1.774 só podia ir neste sentido. Durante várias semanas esta revista procurou mostrar que não tinha lado. Fez capas absolutamente vazias. Num tempo de tensão, quando o Brasil estava disputando o seu futuro, Veja se aperfeiçoou na arte de fazer capas sobre abobrinhas. É só rever os últimos seis ou sete números pra conferir. Qual era o objetivo?
Enfim, a semana fatal. A máscara de abobrinhas caiu com a capa desta semana que traz uma charge do cão, vulgo satanás, com rabinho pontudo e três cabeças. Uma fera terrível. As três cabeças são Marx, Lênin e Trotsky. A charge está muito bem acabada. O nome escrito numa plaquinha em cada uma das três feras. Na coleira típica de pit-bull ou cão fila, a estrelinha vermelha do PT. A primeira cabeça do Marx, enfeitada com dois dentes de javali ou de vampiro, tanto faz. Trotsky está lá, babando e Lênin doido para dar uma mordida.
Mas mais ilustrativo é a trela que segura essas feras pavorosas. É um fiozinho de plástico fino e liso. Mal serviria para uma criança empinar uma pipa. Quem está com a trela na mão? Surpresa. Só na página 39 dá para descobrir. É Lula, barrigudo, assustado e segurando este fiozinho liso que daí a pouco vai escapar das suas mãos.
Será que chargista nunca viu uma coleira de cachorro? Viu, Sim! Só que não fez nada que parecesse com qualquer uma delas. O fio foi desenhado para mostrar que daí a pouco ele vai escapolir das mãos e deixar soltas as feras da esquerda petista. Uma obra de arte como ilustração, como semiótica. E a neutralidade? E as abobrinhas tão bonitinhas que fim levaram?
(Vito Giannotti é coordenador do NPC)