Ora, a ajuda humanitária, aquela que de fato existe, é um instrumento da ONU e depende, primeiramente, do acordo das partes – de quem dá e de quem recebe. Não é decisão unilateral, não se enfia ajuda goela abaixo. Segundo: a ajuda é executada pela ONU, não por um país, muito menos um país envolvido em beligerância com o “recebedor” da suposta ajuda – ainda que a beligerância (ainda) não se tenha traduzido em tiros. Isso que está ocorrendo nas duas fronteiras (Colômbia e Brasil) é uma ação de propaganda orquestrada. Uma provocação dos dois nanicos do quintal, manipulados pelo chefão lá do norte. O objetivo é muito claro: criar incidentes e preparar a escalada junto à opinião pública, até o momento em que a coisa chegue a conflitos mais agudos e a uma guerrinha local. Nesse momento, é claro, o país do chefão entra em cena para “ajudar seus amigos agredidos”. Não é novo. Eisenhower e Kennedy fizeram isso no Vietnã.
O governo brasileiro informa ter enviado 200 toneladas de alimentos e remédios para a “ajuda humanitária” aos venezuelanos. Os gloriosos repórteres da grande mídia não fazem a pergunta óbvia: De onde saiu esse recurso? Ninguém diz quem pagou. O governo brasileiro tem pena dos venezuelanos, é muito comovente, para um governo que faz planos de liquidar rapidamente seus próprios cidadãos, pela fome e pelo trabalho até a morte. Ajuda humanitária? pergunta Maduro. Alguma vez na sua vida Trump ajudou alguém? Siga o dinheiro. Nesse caso, siga o petróleo. Olhe para o mapa do mundo e veja as guerras, invasões e ocupações que os norte-americanos promoveram nos últimos vinte anos. Por acaso, mas apenas por acaso, eram lugares envolvidos com grandes estoques de recursos energéticos estratégicos. Isso também não sai na TV. Por acaso.