rio_remocoesEstava marcada para a manhã desta sexta-feira (27/9) uma audiência pública para debater as “remoções por grandes projetos no Rio de Janeiro”. A audiência acabou não acontecendo porque o presidente da Câmara dos Vereadores do Rio, Jorge Felippe, cancelou todas as atividades desta sexta-feira após a ocupação da Câmara pelos professores da rede municipal no dia anterior. O vereador Renato Cinco, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, tentará marcar uma nova data para os próximos 20 dias.

Quem foi até o Centro do Rio participar da audiência e denunciar as violações de direitos por parte da Prefeitura acabou se reunindo na Ocupação Manoel Congo. Estiveram presentes moradores de áreas ameaçadas de remoção ou já removidas, além de militantes de movimentos sociais e dos vereadores Eliomar Coelho e Renatinho, ambos do Psol. Na ocasião, foi denunciada a situação de inúmeras famílias que vivem em diversas comunidades da cidade, como o morro da Providência, onde 196 famílias já foram removidas; Horto, localizada ao lado do Jardim Botânico; Tubiacanga, que fica na Ilha do Governador e sofre ameaça devido a um projeto de construção de uma terceira pista do Aeroporto Galeão; Vila Autódromo, localizada em área nobre da cidade, próxima à Barra da Tijuca; Santa Marta, que fica em Botafogo; e outras regiões impactadas. Foram comuns os relatos das diversas irregularidades e da falta de diálogo com o poder público, além dos impactos na saúde de quem sofre o risco de perder a casa que, muitas das vezes, construiu com as próprias mãos.

Como lembrou Guilherme Marques Soninho, para cada comunidade ameaçada de remoção é apresentada uma justificativa diferente. “Em um caso é por motivo ambiental, outro área de risco, outro ainda para a realização de obras de melhoria do transporte público. Essa é a aparência, mas na essência existe um projeto de classe para a cidade. Um projeto de aumento do núcleo rico, ou seja, das áreas onde há maior concentração de dinheito, e expulsão dos pobres dessa área”, explicou. Lourdinha Lopes, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), explicou que a luta dos presentes não deve ser por soluções isoladas. “As comunidades aqui presentes devem lutar por um outro modelo de cidade, que privilegie a vida e não o lucro e a especulação”.

Ao final, foi convocada uma nova reunião para a próxima sexta-feira para a organização de um grande ato unificado contra as remoções e pela garantia de direitos.