Sobre o Dicionário
[Por Claudia Santiago] A proposta de “Dicionário de Politiquês” é clara: os sindicatos de trabalhadores devem usar, em seus jornais, uma linguagem que favoreça a comunicação com amplos setores. Os professores devem reconhecer e respeitar a linguagem dos filhos dos trabalhadores. Os meios de comunicação devem evitar o uso de linguagens fechadas, comuns a grupos de especialistas: economistas, juristas, médicos e todo tipo de professor ou técnico. Aqueles que se ocupam da tarefa de escrever e falar precisam saber que nosso povo, o povo brasileiro, faz a melhor música do mundo e, por meio dela, se comunica como ninguém. Mas não gosta de ler. Não foi acostumado a isso.
Só para se ter uma ideia de como isso se construiu historicamente, sim, porque a culpa não é do DNA, vamos a um exemplo. A Universidade de São Domingos foi criada em 1538; em Lima, a Universidade São Marcos é fundada em 1551. No México, a primeira universidade nasce em 1553. Esta, aliás, formou no período entre 1775 e 1821, 7.850 bacharéis. No mesmo período, 720 brasileiros se graduaram. Não no Brasil, que cá não havia universidade; mas em Coimbra. Até o século XX, o Brasil contou apenas com escolas superiores isoladas. Com a imprensa, a história se repete. Em 1535, eram impressos livros na Cidade do México, enquanto por aqui… a atividade impressora era proibida e severamente castigada.