[Por Vito Giannotti] A esquerda, analisando o comportamento da mídia, pode tirar alguma lições desta campanha. Não há nada de novo. Não se trata de descobrir a pólvora. É preciso primeiro perder as ilusões sobre a mídia empresarial, patronal. Em seguida criar, fortalecer, melhorar, ampliar, multiplicar por cem nossa mídia. Nossa de quem? A mídia dos trabalhadores em todas as suas versões, desde a mídia sindical à mídia popular/comunitária. Do velho e sempre novo jornal, ao rádio, à TV e a toda a parafernália da comunicação eletrônica.

Para isso é preciso denunciar tudo o que a mídia patronal faz, mas não basta. Não adianta chorar, se lamentar que a mídia deles sempre ferra o trabalhador. Esta mídia está na dela. Cumpre seu papel de partido do capital. Nós trabalhadores, nos movimentos populares, nós esquerda temos que construir a nossa mídia.

Cadê um jornal de esquerda que circule nacionalmente? Falo de jornal/jornal, Istoé, diário, vendido em todas as bancas do país. O problema de não ter ainda este instrumento não é dinheiro. É falta de cabeça para entender como fazer a disputa de hegemonia. A igreja Universal nos lembra o que Lenin dizia, já em 1902, num texto de nome “O que fazer”. Lenin ensinava e a Universal aprendeu a fazer um jornal para “toda a Russia”. Hoje o jornal da Iurd , embora só semanal, chega com seus 2 milhões e setecentos mil exemplares, a todo o País. E nós? Ficamos nos cantos xingando e chorando.

Uma das grandes vitórias destas eleições poderá ser convencer a milhares da necessidade de as forças populares construírem e conquistarem sua própria “grande” mídia para responder à altura aos seus eternos inimigos de classe.

Vimos, nestas eleições, que a mídia que mais influi na opinião pública, o quarteto FSP/Globo/Veja/OESP, age como um partido para emplacar SERRA e derrotar a candidata que vai derrotá-lo. Ataca Dilma, apóia Serra e inflou Marina para garantir um segundo turno. É claro, que o tempo todo, esta mesma mídia não deu espaço aos candidatos mais à esquerda. Esta mídia não ia oferecer seus espaços para quem teima em defender o socialismo como única alternativa para um novo mundo, com justiça e liberdade. Mas ela está na dela. È o partido do capital.

E agora José? Vamos aprender e praticar as lições recebidas a duras penas. Mãos à obra.