[Por Vito Giannotti] Desde o começo do ano de 2010, para quem quer ver, não há mais dúvidas: a mídia neste ano mostrou que está ativa, unida e extremamente consciente de seu papel na sociedade. Está de um lado e sabe muito bem que o outro lado é inimigo.
Muita gente, no Brasil e no mundo, no clima geral da moda, abandonou o barco da esquerda e tenta justificar sua deserção ou traição dizendo que “no mundo de hoje esquerda e direita não existem mais. São coisas do passado. Do século 20”. Nas nossas faculdades esses é o catecismo recitado com alegria por um exército de professore e doutores. A mensagem é clara: direita e esquerda acabara, as classes acabaram, a luta de calasse acabou. Então vamos viver com este capitalismo neoliberal. A mídia, nesta visão, nada mais seria do que o órgão da sociedade civil que defende e protege a sociedade contra idéias e comportamento daninhos.
Em março a mídia assumiu seu papel
No começo de março, os barões da mídia, ou seja, as famílias que controlam jornais, rádios e televisões do País, se reuniram, em São Paulo, a convite do Instituto Milênium. Foi um encontro com objetivos claros: organizar melhor o “partido da mídia”. A preocupação central ficou evidente em todas as falas e conversas paralela. Didaticamente este chamado encontro de mídia queria combater tudo o que possa cheirar à esquerda. Didaticamente este chamado encontro de mídia queria: 1– Impedir a Reforma Agrária. 2- Impedir a taxação das grandes fortunas. 3- Impedir qualquer democratização das concessões de rádios e TVs. 4- Impedir a condenação dos assassinos e torturadores da Ditadura militar de 64 que esta mídia lutou para implantar e sustentar. 5– Impedir qualquer avanço no combate a leis atrasadas sobre Aborto, homofobia e todo preconceito. 6– garantir que se flexibilizem as leis trabalhistas.
Esta é a mídia que, nestas eleições mostro que tem lado sim. O lado do candidato do conservadorismo secular que domina nosso País: o candidato Serra.
A direita existe e vai à luta
Esta mídia defende o lado da classe que olha para trás e diz: “que pena que a escravidão acabou. Seria tão bom se continuasse!”. É uma mídia de classe. Da classe que, historicamente, sempre governou o país como se fosse sua capitania hereditária. Implantou e conviveu muito bem com a escravidão e tudo fez e faz e fará par que esta continue. Esta mídia, como partido desta classe que sempre foi contra qualquer esquerda, da mais comportada à mais radical (PCB, PCdoB, PSB, PDT, PT, PCO, PSTU e mais recentemente PSOL). Mídia como partido que sempre é contra os sindicatos com suas greves, passeatas, piquetes e ocupações. O partido de uma mídia escravagista que sempre foi contra a Reforma Agrária e hoje semeia ódio ao MST.
É este partido da mídia patronal que sempre se alegrou de ser o quintal dos EUA, contanto que fosse regado a whiskie, para ela. Hoje ela tem arrepios frente a governos progressistas latino-americanos que dão alguns passos no caminho de deixar de ser esse eterno quintal.