[Por Vito Giannotti*] Eu vibrei quando Barack Obama (que não é minha paixão) disse que não daria entrevista ao canal de televisão Fox, porque este não era um órgão de mídia e sim um partido político. Muitos acharam que ele estaria falando uma grande novidade. Mídia é mídia e partido é partido. Errado. Desde os anos 1920, o ativista e filosofo italiano Antônio Gramsci difundiu a idéia que a mídia era o verdadeiro partido político do capital. O partido da burguesia, dós patrões. Em setembro, aqui no nosso Brasil, o presidente Lula, frente aos ataques descarados da a mídia comercial à sua  candidata Dilma, repetiu a mesma idéia de Gramsci, relembrada há pouco por Obama. Ele repetiu para milhões de brasileiros ouvirem que a mídia empresarial, patronal, comercial ou como se tente chamá-la para disfarçar, é o verdadeiro partido da burguesia. É ela que difunde as idéias da classe dominante e que organiza o pensamento nacional através de seus jornais, suas revistas, rádios e televisões. É claro que esta mídia tentou ridicularizar e criminalizar esta simples constatação do presidente. Muitos analistas da mídia e em inúmeros encontros de comunicação esta idéia já está consolidada. Dias atrás escrevi que “O Núcleo Piratininga de Comunicação, sobre a mídia nestas eleições, não pensa nada além do que vem repetindo há anos sobre o comportamento da mídia. Seguindo a visão de Gramsci, nos cursos pelo Brasil afora, nos cursos anuais, no Boletim NPC, em palestras e inúmeros textos, sempre repetimos esta idéia. A mídia é o verdadeiro partido da burguesia. Esse foi o tema-título do 15º Curso do NPC no ano passado. Este ano, no 16º, estamos repetindo a mesma cantiga. Por isso, nesta eleição presidencial, não temos que nos espantar com nada. Tudo está no script.”               

 

Uma experiência generalizada

 

A ação da mídia como partido do capital é uma das grandes lições que ficarão desta eleição.Hoje, já entrando na segunda década do século 20, vivemos numa sociedade totalmente invadida pelas comunicações em todas suas variantes. Antigamente, “na época do onça” muitos acreditavam em Papai Noel, na cegonha que trazia os nenês e que a imprensa, hoje dizemos a mídia, era neutra, imparcial, objetiva. Ensinavam-se essas balelas em todo curso de faculdade. O pior que muitos professores continuam repetindo estas lorotas. Mas, hoje, da Itália dominada pelo magnata das comunicações daquele país Berlusconi, passando pelos EUA, chegando ao Brasil, muitos começaram a abrir os olhos frente aos fatos. Aqui na nossa América Latina é só ver o papel eternamente golpista da mídia local que tudo faz, obedecendo às ordens de Washinghton, para dar um golpe contra O presidente Hugo Chavez. Foi lá, que em 2002, os golpistas capitaneados pelos jornais e, sobretudo, por um canal de televisão, a RCTV, organizaram o famoso “golpe midiático” contra Chavez.

 

A mídia na eleição de 2010                                    

Desde há mais de um ano, O jornalista Paulo Henrique Amorim escrevia sobre um tal de PIG, ou seja, o Partido da Imprensa Golpista. No começo, esta sigla era estranha, mas logo muitos a assimilaram. Hoje, até poste que não for cego concorda com essa idéia. A idéia mais geral desta sigla, para mim é que a mídia empresarial é e age como partido. Ora pode ser golpista, como o foi em março de 64, ora pode alisar o poder para obter mais um financiamento. Mas, sempre está consciente de seus objetivos, difunde seus valores e sua visão de mundo. Enfim, voltando a Gramsci é um componente essencial para disputar e manter a hegemonia que seus donos querem segurar a qualquer custo.