O Jornal Nacional, no dia 7 de junho, parecia que estava anunciando um bombardeio atômico sobre Brasília. Os rostos e as vozes do casal apresentador mostravam ar de tragédia nacional. As palavras usadas eram pesadíssimas. Falavam da violência e da fúria daqueles baderneiros. Falavam de vandalismo de gente que, nos dizeres de alguém de passagem pelo JN, “parecia que não eram seres humanos… pareciam animais”.

Aí o JN passou a falar dos prejuízos matérias que chegariam a 102 mil reais. Essa cifra, em tempos de malas cheias de dólares, em dezenas de milhões enviados aos paraísos fiscais, de fraudes como a da privatização da Vale do Rio Doce, da ordem de dezenas de bilhões, realmente soam como piada.

Vamos lá. A essa altura do telejornal, o nosso casal preocupadíssimo nos diz que o líder daqueles endiabrados “que lutam por terra” mora, no Recife, numa mansão de 250 m2. É a única alusão ao motivo da manifestação, feito para poder desqualificar uma de suas lideranças. Realmente, 250 metros quadrados não é um apartamento pequeno, mas há milhares de apartamentos, ou mansões de mil, dois mil, três mil e mais mil metros quadrados. Mas esse tipo de comentário pega. No dia seguinte se comentava pela rua que o líder morava num apartamento de 250m.

Afinal o que eles queriam, com toda aquela agitação e aquele quebra-quebra? Nada. Quebrar. É isso que eles sabem fazer. Na medida que não foi dito o motivo da ida deles a Brasília, a explicação é uma só; são vândalos, baderneiros, violentos… bandidos enfim. Ah, se o Brasil pudesse se livrar de todos os milhões de sem terra! Para o JN seria um alívio.

(Por Vito Giannotti)