Por Beto Almeida
Nas eleições recentes, viu-se como o governo possui enorme dificuldade para informar adequadamente sobre todas as suas próprias realizações. Até militantes do PT, muitas vezes, registram desconhecimento sobre obras e programas de governo, e consequentemente, têm dificuldade de defendê-los. As forças conservadoras, sim, possuem uma comunicação destrutiva organizada e conseguiu confundir boa parte do eleitorado que, mesmo beneficiado pela distribuição de renda, pelo crescimento do trabalho formal e pelos programas sociais, aceitava a tese marota da alternância de poder, porque, argumentava, “um partido não pode ficar muito tempo no poder, tem que mudar”.
Mas, transformar uma sociedade com monstruosas injustiças sociais acumuladas, que ainda tem marcas do escravagismo, não é tarefa para um curto período, especialmente em se tratando de governo que não conta com maioria de esquerda no Congresso. Mais difícil ainda se este governo é sem comunicação. O PT não organizou mídia própria para defender as conquistas de Lula e Dilma dos ataques conservadores. TVs e Rádios públicas, comunitárias e universitárias continuam fragilizadas, sem sustentação e baixa audiência. No entanto, o governo pratica uma política de sustentação financeira de toda a logística da mídia conservadora, especialmente da Rede Globo que, em 10 anos, recebeu 5 bilhões de reais em publicidade oficial. Desperdício de recursos públicos, mau uso, altíssimo custo social e político negativo.
Ao contrário, na Argentina, Venezuela, Equador e Bolívia, além do fortalecimento, expansão e qualificação da rádio e tvs públicas, investiu-se pesado em jornais populares impressos, com distribuição militante e comercial massivas, a preços módicos ou gratuitamente, que fazem a disputa ideológica com a direita. Há vigorosa expansão do parque gráfico e da leitura de jornal e livros. Aqui, mesmo alertado, o prefeito Haddad não usou, até a agora, a prerrogativa que lhe dá a lei (12485) para ter um canal de tv a cabo na maior cidade do país, sem precisar mudar a Constituição. Organizar um poderoso jornal cooperativo popular, impresso e digital, também não exige mudanças na Constituição, para o que não há maioria. Medidas que exigem apenas decisão política, como houve ao se fundar a Cut, o PT. Como tiveram as forças de esquerda nos países vizinhos.