“Comunicação é central na vida dos sindicatos”
Claudia Giannotti falou sobre o papel dos profissionais da imprensa nos movimentos sindical e populares
Escrito por: Vanessa Ramos – CUT São Paulo
O trabalhador deve ler o material produzido pela imprensa sindical, reconhecer a linguagem e se identificar com ela. Em suma, se sentir parte da comunicação. Esta é a avaliação da jornalista e professora de história, Claudia Giannotti, durante o primeiro dia do 2º Encontro Estadual de Comunicação da CUT-SP, que ocorre nesta segunda-feira (12) na capital paulista.Também coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação, ela relatou a comunicadores de diferentes categorias de trabalhadores experiências de diálogo com a base e a construção das imprensas sindicais, a partir de sua experiência tanto na CUT, no Rio de Janeiro, como ao lado de movimentos sociais.
Claudia fez referência à formação para profissionais da imprensa alertando para o fato de que o mundo acadêmico é insuficiente e não supre o conhecimento sobre diferentes narrativas populares que podem aproximar a população e os trabalhadores. “Se a comunicação é central na vida de um sindicato, a linguagem é central na comunicação”, afirmou.
Ela reforçou que a mídia empresarial “esconde, distorce, mente descaradamente e sempre criminaliza os movimentos sociais” e afirmou que os jornalistas que atuam nos sindicatos e movimentos devem saber com propriedade sobre a história da luta de classes, economia e direito, ter habilidade na redação e na linguagem para elaboração dos materiais. O que pode parecer óbvio, avalia, é o que dará resultado nos locais de trabalho. “Isso nos aproximará do povo”, diz.
Claudia exemplificou ainda um projeto de comunicação em uma favela do Rio de Janeiro, liderada por dois jovens, para mostrar que, mesmo na era da internet e da tecnologia, os materiais impressos ainda aproximam comunidades. “Acredito que caímos na armadilha da internet ao nos desfazermos de alguns impressos que tínhamos”, avalia.
Linguagem e proximidade
A perda de democracia e o golpe, na avaliação da secretária de Comunicação da CUT-SP, Adriana Magalhães, são oportunidades para a construção de pautas que afetam a sociedade. “Esse ainda é um desafio porque neste momento de conjuntura difícil, muitos sindicatos sofreram e sofrem pressão de suas categorias ao se posicionarem contra os golpistas. Ao mesmo tempo, é preciso uma compreensão de cada entidade de que as questões políticas vividas no Brasil estão acima do mundo corporativo de cada sindicato”.
Para Claudia, esta realidade é vista por todo Brasil, mas a aproximação com a base se dá de outra forma. “É importante tratar sobre a conjuntura, mas é preciso saber falar, sem afastar quem não está interessado, quem está cansado de ouvir sobre isso. Porque o trabalhador quer saber sobre o local de trabalho, seus direitos, salários, ticket-refeição, aposentadoria. É isso que quer saber. Temos também que ter noção de que muito dos trabalhadores moram nas periferias, tem filhos que vivem situações de violência. Ter este olhar traz pra perto a classe trabalhadora”.