O mais recente livro de Vito Gianotti foi lançado dia 28/8, na livraria do Museu da República, no Rio de Janeiro. Um debate com o autor, a professora do curso de história da UFF, Virgínia Fontes e o diretor da Federação dos Engenheiros (Fisenge), Agamenon de Oliveira, marcou o evento. 

Leia abaixo a apresentação de Ricardo Antunes, professor de Sociologia do IFCH/ Unicamp -SP:

Central nascida em 1991, em plena explosão do neoliberalismo no Brasil, a Força Sindical significou, desde sua gênese, uma fusão entre o velho sindicalismo atrelado e dependente do Estado, por um lado, e, de outro, o ideário e a pragmática de fundo neoliberal, privatizante e defensor das “belezas do mundo do mercado”.

Através do resgate da trajetória de seus principais dirigentes, bem como do balanço da sua atividade prática, Vito Giannotti mostra como a Força Sindical veio para preencher o espaço que anteriormente era representado pelo velho peleguismo (que se tornava completamente obsoleto) e para constituir-se na nova direita sindical, atuante, dinâmica e orgânica no sindicalismo brasileiro.

Contraponto sempre marcante em relação à CUT, a Força Sindical esteve presente nas campanhas de Collor, na batalha ideológica da direita em favor das privatizações que destroçaram o parque produtivo estatal brasileiro durante os governos Collor, Itamar e FHC, nas campanhas contra a desregulamentação do trabalho, enfim, em todos os embates que a direita se empenhou.

Por isso trata-se de uma prática sindical que tem seu significado essencial como desconstrutor e desorganizador de um sindicalismo combativo e autônomo. Nas palavras do autor: “O neoliberalismo que a Força Sindical defende, pressupõe exatamente a destruição da força do sindicalismo. As medidas econômicas e sociais do neoliberalismo levam à anulação da função dos sindicatos. Vão nesse sentido a terceirização, o serviço precário e temporário, a desregulamentação das relações entre capital e trabalho com o fim dos direitos coletivos e a volta da relação leonina  … na negociação entre o patrão e o trabalhador.”

Suas oscilações programáticas, que ocorrem circunstancialmente, demonstram o forte pragmatismo da Força Sindical, hoje a principal máquina de absorção nefasta de recursos do FAT, que não titubeia em fazer a política do pão e do circo, como os encontros “de massa” da Central, onde o mundo da sorte e da lotérica aparecem como a “resposta” da Central para o destroçamento social do país. Da qual ela é parte ativa, atuante.

Com esse desenho, a Força Sindical converteu-se no escoadouro daqueles “dirigentes sindicais” que se opunham, política e ideologicamente, ao novo sindicalismo, de corte mais combativo e, por outro lado, necessitavam distinguir-se também do peleguismo sindical de que fizeram parte vários dos dirigentes da Força Sindical. E rompiam, também, como é o caso de Medeiros, com um passado militante anterior, no interior do PCB e de seu sindicalismo, aderindo a uma prática política e ideologicamente articulada e sintonizada com os interesses do neoliberalismo e que desempenha papel de destaque na desorganização dos trabalhadores.

Vito Giannotti mostra o resultado de uma simbiose entre o ideário neoliberal das eras Collor e FHC e o velho peleguismo herdeiro da estrutura sindical getulista: a Força Sindical e seu sindicalismo de negócios. Cuja prática a tornou particularmente conhecida como Farsa Sindical. O livro custa R$ 19,00. Mais Informações: Mauad Editora. Tel: 21. 2533-7422 / Fax: 21. 2220-445. mauad@mauad.com.br
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