[Por Claudia Santiago] Até hoje a chacina do Borel continua impune! No próximo dia 16 de abril, fará 20 anos que a favela do Borel luta por justiça pelo assassinato de quatro jovens moradores da comunidade: o pedreiro Carlos Alberto da Silva Ferreira, 21 anos, o estudante Carlos Magno de Oliveira Nascimento, 18 anos, o taxista Everson Gonçalves Silote, 26 anos, e o mecânico Thiago da Costa Correia da Silva, 19 anos, todos executados por policiais do 6º Batalhão da Polícia Militar na Vila Preguiça. As execuções foram registradas como auto de resistência, com os policiais alegando legítima defesa. No entanto, os testemunhos de familiares das vítimas e moradores, além das evidências forenses mostraram que os moradores foram vítimas de execuções extrajudiciais. Posteriormente, a perícia da Polícia Federal concluiu que não houve confronto, conforme sempre afirmado pelos moradores do Borel.  O luto das mães e familiares das vítimas deu início a uma longa luta por justiça, que se fortaleceu com a criação da “Rede de Comunidades e Movimentos contra Violência”.

Sugerimos a todos que assistam o documentário produzido pelo NPC em 2013 em que a Coordenadora do NPC, jornalista e moradora da Tijuca, Claudia Santiago, conta como em abril de 2003 soube da verdadeira história por trás da chacina do Morro do Borel: “Soube o que havia acontecido porque vocês desceram o morro e passaram em frente à minha casa para contar o que tinha acontecido…”, lembra Claudia. Em 20 de abril de 2013, durante ato público em memória às vítimas da Chacina do Borel, Claudia Santiago deu depoimento em solidariedade às vítimas e denunciou o silêncio da mídia tradicional e sua omissão a respeito da verdadeira história da chacina. Daí, a importância da ruptura do silêncio dos morros e favelas no Brasil, pois sabemos que a violência policial contra as comunidades aumentou de maneira brutal nos últimos anos.