A cena emociona. Cantando o hino nacional, milhares de sem-teto saem de um prédio da rua Rego Freitas, em São Paulo, vigiados de perto pela polícia. Alguns choram. Outros fazem questão de se mostrar fortes. Algumas horas antes haviam ocupado o edifício, numa ação conjunta em outros seis pontos da cidade. Ao fundo, a música Despejo na Favela, do sambista paulistano Adoniram Barbosa, resume o momento: “Pra mim não tem problema/ Em qualquer canto eu me arrumo /De qualquer jeito eu me ajeito/ Depois, o que eu tenho é tão pouco/ Minha mudança é tão pequena/ Que cabe no bolso de trás/ Mas essa gente aí/ Como é que faz?”.

Minutos antes, o documentário Dia de Festa, dirigido pelo arquiteto franco-argentino Pablo Georgieff e pelo cineasta brasileiro Toni Venturi, mostra verdadeiras cenas de guerra no centro da capital paulista. É madrugada de um dia qualquer de outubro de 2004, quando sete ocupações simultâneas são realizadas pelo Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC). Correria. Gritos. Bombas de gás lacrimogêneo. Confronto entre sem-teto e policiais. Os integrantes do movimento nada temem. Não recuam. Enfrentam a polícia com a segurança de estar do lado certo. Estão cansados de ver seus direitos mais básicos negados. Exigem tão somente um teto.

                                                         (Extraído do Brasil de Fato, 27/4 a 3/5      por Igor Ojeda)

Obs: Na opinião de um dos críticos do JB, na edição de 16.06, o filme é uma porcaria. É a opinião deles. A nossa está no texto acima.