Editor da Fórum, Renato Rovai, lança livro que contextualiza o debate sobre os veículos de comunicação na Venezuela exatamente no momento da não-renovação da concessão da RCTV
A questão midiática na Venezuela, depois da não-renovação da concessão da RCTV, tornou-se o centro da pauta no que diz respeito às questões da comunicação. Seu debate tem sido pautado por posições extremadas. Ou se aponta Chávez como um herói pela coragem do ato ou como vilão, pelo autoritarismo como conduziu o processo.
O livro do jornalista Renato Rovai, editor da Revista Fórum, que chega às livrarias nos próximos dias, é um registro jornalístico dos antecedentes dessa história e um estudo sobre as formas como a disputa política tem se dado nos aparelhos informacionais na Venezuela.
Na primeira parte do livro, Rovai apresenta, pelo recorte da participação da mídia e com revelações inéditas, dois momentos recentes. O primeiro, que denomina de golpe midiático-militar e se deu de 11 e 14 de abril de 2002. O segundo, que classifica como golpe-midiático-econômico, e que se passou em dezembro de 2002 e janeiro de 2003. Na ocasião, a indústria petroleira parou e os empresários fizeram um locaute sem proporções na história da América Latina. “A meu ver, essa segunda tentativa foi ainda mais sofisticada, mais atualizada com os novos movimentos globalizantes”, aponta.
Na segunda parte do livro, Rovai faz uma análise do papel dos veículos de comunicação alternativa no país e apresenta o que denomina de “Guerrilha Informativa”, um movimento que, segundo ele, vem se estabelecendo principalmente por conta do advento da internet e que na Venezuela foi fundamental para que as tentativas de golpe fossem derrotadas.
Mas se o livro aponta com precisão a tentativa golpista da mídia comercial venezuelana, Rovai também não é condescendente com os veículos chavistas. “Em geral, a mídia chavista é de baixa qualidade e a governamental não faz serviço público, mas culto à personalidade do presidente. Por nenhum ângulo a mídia venezuelana pode ser referência para quem defende um modelo de comunicação independente e de qualidade”, sustenta.
Além desse capítulo, dedicado a apresentar os veículos alternativos em diferentes partes do mundo, Midiático Poder ainda conta com um mapa da mídia venezuelana. Nele, os principais veículos de comunicação do país têm com suas histórias e tons editoriais registrados.
Midiático Poder é indispensável para entender o que acontece na Venezuela nos dias de hoje e também fundamental como reflexão sobre o papel da mídia na disputa da política nos tempos globais.